Há uma gigantesca estrutura, em forma de arco, no Polo Sul Celeste, que foi vista pela primeira vez por um grupo de astrónomos, revela um artigo científico publicado em julho no The Astrophysical Journal.
De uma ponta à outra, este colossal aglomerado de galáxias estende-se ao longo de 1,37 mil milhões de anos-luz, numa espécie de parede – daí o nome de South Pole Wall. E está localizada bem próximo da nossa Via Láctea, a uns ‘meros’ 500 milhões de anos-luz.
Se é assim tão grande e até nem está tão distante assim, como é que escapou ao olhar dos astrónomos? A resposta é simples: a parede estava escondida atrás daquilo a que os astrónomos chamam de zona de evasão ou zona de obscurecimento galáctico – o plano da Via Láctea, uma região cheia de poeira e gás e estrelas a ponto de esconder boa parte do que está por detrás. “Quando as nossas observações indicaram que havia qualquer coisa no Polo Sul celestial, ficámos surpreendidos: de facto não havia registo de estruturas de grande escala nesta região”, contou à Vice o cosmógrafo responsável pelo estudo, Daniel Pomarède, da Universidade de Paris-Saclay. A deteção desta estrutura maciça foi feita a partir da análise ao movimento de 18 mil galáxias, que permitiu inferir a influência gravitacional de uma massa muito maior do que a que já tinha sido identificada. Como há partes da Parede do Polo Sul que não estão visíveis, é possível que a estrutura seja ainda maior do que se prevê neste momento.
Apesar de sermos tentados a pensar no Universo como uma miscelânea de galáxias, espalhadas de forma aleatória, parece ser cada vez mais evidente que este está organizado em mega-estruturas como esta agora identificada. Os cientistas têm vindo a notar que algumas galáxias movem-se juntas, seguindo padrões ainda sem explicação, como se estivessem ligadas por uma força invisível, que vai muito além do campo gravitacional expectável. Estas novas descobertas vêm desafiar as previsões feitas com base nos modelos cosmológicos aceites atualmente e podem obrigar a uma revisão da Ciência que explica a organização do cosmos.
Vêm aí tempos de grande entusiasmo para os astrónomos que se dedicam ao estudo das galáxias.
É importante porque
Esta descoberta pode ter importantes implicações cosmológicas, afetando o cálculo da taxa de expansão local do Universo. Também pode ajudar a perceber a evolução do supercluster de galáxias, de nome Laniakea, no qual se inclui a nossa Via Láctea.
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