A mudança está presente nos nossos dias, nas nossas empresas e no nosso mundo. Exemplos recentes como a pandemia da Covid-19 ou a guerra na Ucrânia deveriam fazer-nos pensar que a mudança pode acontecer sem planearmos a sua chegada.
Mas como podemos estar preparados? Como podemos nós, empresas e equipas, ter respostas para a mudança do nosso rumo num mundo em constante transformação? O Agile poderá ser parte ativa na resposta a todas estas questões.
Passo a explicar: o Agile é um conjunto de valores e princípios ligados ao desenvolvimento de software, que enfatizando a adaptabilidade, a colaboração e a entrega contínua de valor nos apresenta uma forma diferente de gestão de projetos, de trabalho em equipa e de gestão de tarefas. Com a criação do Agile Manifesto – documento que estabelece os valores e princípios fundamentais das metodologias ágeis, assinado por 17 signatários especialistas nesta metodologia –, a aplicação do Agile tem vindo a crescer no seio das organizações a nível mundial, tornando-se cada vez mais popular. É muito utilizado em equipas de tecnologia e tem vindo a reunir cada vez mais apoiantes nos serviços financeiros, na indústria e muitos outros setores da nossa sociedade, ajudando-os a alterar os seus hábitos para entrega de valor regular e contínua, permitindo que as equipas se adaptem rapidamente às mudanças do mercado ou às necessidades do cliente e que produzam com mais qualidade, rapidez e eficiência.
Mas no coração do Agile está também a preocupação com as pessoas, com o seu ambiente de confiança, autonomia e comunicação, o que o torna tão eficaz para o desenvolvimento de projetos, trabalho de equipa ou gestão individual do dia-a-dia. Ao valorizar as pessoas e as suas capacidades, ao promover a flexibilidade e a adaptabilidade e ao incentivar a comunicação eficaz, o Agile cria um ambiente de trabalho colaborativo e inovador, essencial para ultrapassar os desafios do atual contexto.
Componente humana é essencial na metodologia Agile
Nos dias de hoje, o Agile não pode limitar-se unicamente a organizações e equipas. É urgente que adote uma ‘face humana’, uma abordagem de valor inestimável para a implementação destas metodologias focadas nas pessoas. Somos humanos, por isso, é necessário que possamos desenvolver um senso de propósito e direção para definir metas alinhadas aos nossos objetivos pessoais, sociais e profissionais. O alinhamento do crescimento contínuo, da motivação e da criatividade permitirá continuarmos a sentir que os nossos sentimentos e emoções são valorizados pela nossa organização, ao mesmo tempo que trabalhamos para resultados e contribuímos com o melhor de nós para a sociedade.
De acordo com o relatório anual State of Agile 2022, que analisa a implementação de técnicas e práticas Agile, 90% dos inquiridos considera que as metodologias Agile de alta performance apresentam valores centrados nas pessoas, uma cultura organizacional clara, as ferramentas adequadas e uma liderança que procura empoderar as suas equipas. O que me leva a concluir que devemos utilizar o Agile como forma consciente e equilibrada de trabalho, para não corrermos o risco de transformar as equipas em meras máquinas de produtividade e em direcionar o nosso foco apenas para os resultados de desempenho em KPIs. Cada pessoa é única e precisa de um acompanhamento personalizado para alcançar os melhores resultados. Assim, enquanto nas equipas prevalecer o respeito pelo próximo, o diálogo ativo, o comportamento colaborativo e a responsabilidade, conseguiremos assegurar que estas novas abordagens, como o Agile, são realmente eficazes.
Em suma, num mundo em constante mudança, a ‘face humana’ do Agile revela-se urgente para criar um movimento positivo na vida das pessoas. Porque sabemos que pessoas positivas são mais proativas, transformam obstáculos em oportunidades e sentem-se capazes de dar o seu melhor, o que conduz a uma maior produtividade e a um desenvolvimento contínuo pessoal, da equipa e da empresa, transformando boas organizações em organizações excelentes.