Boom! O tráfego aéreo desaparece. Milhões de empregos na indústria do Turismo em lay-off, um buraco no setor de 3,8 triliões de euros. Museus no mundo inteiro a fechar, cidades a fechar. E agora? O que fazem os turistas naquelas horas, dias e semanas em que costumavam viajar?
E Boom! Viajar agora só em sonhos! Ou só em realidade virtual? Ver um original de Rembrandt só no Google ou será que também em nossas casas através da realidade aumentada? Posso mudar de espaço virtualmente e já agora viajar no tempo também? Posso entrar num quadro de Rembrandt através da realidade aumentada, a passear pela minha sala, enquanto estou imersa na Lição de Anatomia do Dr. Tulp?
Há muito que se adivinhava que o mercado da Extended Reality (Augmented Reality – AR e Virtual Reality – VR) iria atingir um valor de mercado altamente promissor. O Pokémon Go foi um impulsionador desta promessa de valor em 2016, e a verdade é que achávamos que este fenómeno de AR seria suficiente para um futuro de sucesso.
Mas, o que nós não imaginávamos, nem nos mais remotos sonhos e previsões, é que em 2020, este potencial fosse exponenciado por outro fenómeno mundial. E, desta vez, seria a COVID-19, e por consequência o turismo virtual, que iriam contribuir para que os mercados de AR e VR pudessem prometer vir a atingir 300 biliões de dólares em apenas 3 anos. E, com isto, a Realidade Aumentada e Virtual voltaram a ter a oportunidade das suas vidas!
Durante este longo e trágico período para o turismo, tivemos tempo para arrumar a casa, restruturar as empresas, reinventar os negócios, reformular espaços e repensar o turismo. Tivemos tempo para sonhar com um turismo mais sustentável para todos, assim como para preparar muito bem o ‘revenge tourism’. Mas, ‘in between’, descobrimos novas profissões e novas formas de receita e de negócio. Descobrimos novas formas de viajar e de fazer os turistas viajar.
A verdade é que percebemos que o turismo virtual pode realmente transportar-nos para outros lugares, sem sairmos do nosso sofá. E já não descobrimos isto só nos laboratórios de R&D das empresas. Descobrimos com a prática, com o acesso a estas tecnologias, dado pelos mais de 2.000 museus que se tornaram virtuais através do Google Cultural Institute. Descobrimos pelas mãos dos próprios museus mais tradicionais, como o caso do Túmulo Real nas Pirâmides do Egipto, que também acabaram por abrir as suas portas virtuais a todo o mundo.
E foi então que milhões de turistas, naquele vazio de horas, dias e semanas, passaram a poder fazer um voo virtual para um mundo virtual, uma cidade virtual, uma época virtual, ou um museu virtual sem saírem do seu sofá. E a boa notícia é que estes milhões de turistas aplaudiram estas viagens e o quão imersivas estas conseguiram ser.
Quem o diz é o World Travel & Tourism Council COVID -19 Report, ao identificar que o Turismo Virtual é uma tendência e que veio para ficar e para se converter numa importante ferramenta de Marketing e Comercial.
Quem o confirma é também a Accenture no seu Immersive-Experience-Digital–Report 2020, ao destacar que 64% das marcas estão a começar a investir em experiências imersivas, ao verem que melhora o ‘top of mind’ de mais de 50% dos seus consumidores quando a sua interação é feita desta forma.
Mas, desenganem-se os que acreditam na visão apocalíptica de que o mundo vai então ser substituído por máquinas, computadores ou softwares extraordinários e alavancados pelos biliões de investimento das Capitais de Risco em Startups de visitas virtuais e de experiências imersivas.
O turismo tradicional jamais será substituído! No entanto, para os que não conseguem (ou nunca conseguirão!) visitar fisicamente determinados destinos, e para os que até conseguem, mas gostam de planear bem todas as visitas nos seus roteiros turísticos, o turismo virtual e imersivo veio mesmo para ficar. Não veio para tirar palco ao turismo físico e real. Veio sim, para lhe dar ainda mais protagonismo, para o completar, para o melhorar, para contar todas as histórias jamais contadas, ouvidas ou vividas.
O Turismo realmente nunca mais será o mesmo e a AR e VR também não. E este é o nosso admirável mundo novo.