Começa nesta quarta-feira, 14 de outubro, a segunda edição do curso de programação Android promovido pela Google em Portugal. Depois de ter formado 3300 pessoas na primeira edição, o Android Training Program (ATP) volta num formato diferente – mais extenso nos conteúdos e, por força da pandemia, será exclusivamente online.
“Vamos ter 12 sessões, todas online e vão ser todas em português”, começa por explicar Andrés ‘almo’ Martínez, responsável pela ligação com a comunidade de programadores Android em Portugal e Espanha, em entrevista à Exame Informática.
As aulas têm um calendário definido – que pode ser consultado aqui – e vão ser transmitidas em direto, ficando depois disponíveis para consulta num canal do YouTube. Este modelo dá flexibilidade aos participantes: mesmo que não consigam participar no momento, podem recuperar o conteúdo mais tarde. Mas para promover uma maior interação entre todos os participantes, será criado um canal de discussão na plataforma Discord – aqui poderão ser tiradas dúvidas e partilhados materiais complementares.
Caso esteja a perguntar para quem se destina este curso, Andrés Martinez garante que é para todos: “Este ano vamos começar passo a passo. Mesmo que não saibas programação, podes juntar-te – mas vais ter de trabalhar mais”, explicou. O trabalho extra é uma referência aos materiais de apoio que vão ser disponibilizados e que pessoas sem conhecimento prévio de programação deverão usar para acompanhar melhor o desenrolar do curso.
E todo este formato acaba por ser uma estreia também para a própria Google. “É a primeira vez que vamos apoiar todo o processo de aprendizagem”, diz Andrés Martinez. Por exemplo, na edição do ano passado, os eventos presenciais estavam limitados a quatro horas de duração e muito do processo de aprendizagem online era feito de forma independente. Mas as novidades não ficam por aqui.
Foco no Android 11
O curso deste ano passa a incluir mais tecnologias de desenvolvimento para Android: a plataforma Firebase, que inclui funcionalidades como métricas, bases de dados, mensagens e relatórios de falhas; o ML Kit, um conjunto de interfaces de programação de aplicações (API) para usar modelos de inteligência artificial pré-treinados; e ainda a plataforma TensorFlow Lite, que permite integrar funcionalidades de aprendizagem automática nas aplicações móveis.
“Não tens de saber nada sobre aprendizagem automática, mas integrando a API podes reconhecer códigos de barra, filtrar imagens ou palavras”, exemplificou o porta-voz da Google para o ATP.
A linguagem de programação que será ensinada é a Kotlin – uma das mais bem pagas no mercado português – e os conteúdos já vão focar-se no Android 11, a versão mais recente daquele que é o sistema operativo móvel mais usado em todo o mundo. No final do curso, “vais ser capaz de criar a tua própria aplicação”, adianta Andrés Martinez, mas sublinha que ter uma aplicação é diferente de ter “uma aplicação em condições” – algo que já envolve uma forte componente de design, área que vai ser abordada no curso, mas não de forma aprofundada, já que o foco é maioritariamente tecnológico.
Com a edição deste ano do Android Training Program, a Google alarga também as inscrições a pessoas em países falantes de língua portuguesa – como Brasil e Angola, por exemplo – e está também a promover a iniciativa junto de comunidades de programadores, na tentativa de chegar aos 30% de participantes que são mulheres.
Segundo um estudo da Boston Consulting Globe para a Google Portugal, existem no país cerca de oito mil programadores Android no País. Apesar de ainda só estar na segunda edição, a tecnológica já admite continuar a evoluir o formato: “Estamos a partilhar muito conteúdo com universidades e politécnicos. Eventualmente, podemos ir mais longe sobre como providenciar mais suporte às instituições para colaborar num processo mais profundo. (…) Isso é algo que a Google provavelmente vai fazer no futuro”, adiantou Andrés Martinez.