Tudo indica que a aquisição do Twitter por parte de Elon Musk vai mesmo avançar depois de a administração da empresa de microblogging ter informado, via comunicado de imprensa, ter aceitado a proposta de Musk, que avaliou o Twitter em 44 mil milhões de dólares. Uma proposta que resulta num valor por ação de 54,2 dólares, mais 38% que valia em bola a 1 de abril, quando Musk revelou que tinha adquirido 9,2% da empresa. É um dos maiores negócios de sempre na área da tecnologia. Por exemplo, compra do Instagram custou ao Facebook ‘apenas’ mil milhões de dólares e mesmo o WhatsApp custou à empresa de Zuckerberg menos de 19 mil milhões de dólares.
Recorde-se que a proposta de Musk foi considerada hostil e o Twitter começou por reagir negativamente à tentativa de aquisição, recorrendo até a mecanismos para dificultar o negócio. Mas, na reunião da administração do Twitter, que recorreu esta segunda-feira, 25 de abril, a decisão de aceitar a proposta de Musk terá sido unânime. Uma decisão que estará diretamente relacionada com as garantias de financiamento apresentadas.
O processo tem sido tormentoso. Numa primeira fase, após a aquisição dos 9,2%, foi dito que Musk faria parte da administração do Twitter e que ia ajudar a empresa a evoluir mais rapidamente; poucos dias depois, Musk não só indicou que não faria parte do board, como que considerava que a atual administração não seria capaz de fazer as mudanças necessárias para fazer o Twitter avançar; o terceiro passo foi o anúncio da aquisição hostil, com Musk a fazer declarações pouco habituais neste tipo de negócios, como indicar não saber se conseguiria, de facto, ter o financiamento necessário para adquirir a empresa, ao mesmo tempo que ameaçava rever a posição como acionista se a proposta não fosse aceite – algo que foi visto por muitos observadores como uma chantagem sobre os acionistas, já que o ‘abandono’ de Musk poderia conduzir a uma forte desvalorização do Twitter.
Apesar da decisão favorável da administração, os acionistas do Twitter ainda terão de aceitar a proposta em reunião a anunciar.
O futuro do Twitter
Se o negócio se concretizar como previsto, é provável que Musk faça alterações importantes no Twitter. O líder da Tesla e da SpaceX tem criticado a forma como o Twitter modera os conteúdos. Por exemplo, Musk tem defendido que a rede não deveria expulsar utilizadores, mas apenas suspender as publicações. E tudo o que Musk tem dito sobre o tema parece indicar que está contra algumas das regras base do Twitter que incluem, por exemplo, a remoção de conteúdo considerado falso sobre o processo eleitoral nos Estados Unidos e sobre a Covid-19. Um dos utilizadores banidos em consequência destas regras foi o ex-presidente americano Donald Trump.
“A liberdade de expressão é a base de uma democracia, e o Twitter é um espaço público digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”, referiu Musk em comunicado. O empreendedor anunciou a intenção de “tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos, tornando os algoritmos de código aberto para aumentar a confiança, derrotando os bots de spam e autenticando todos os humanos”, adicionando “o Twitter tem um tremendo potencial e estou ansioso para trabalhar com o empresa e com a comunidade de utilizadores para desbloqueá-lo”.
Entre as sugestões já referidas por Musk está o combate a esquemas que envolvam criptomoedas e a introdução de uma ferramenta de edição das publicações.