A SpaceX enviou antenas para o serviço Starlink para território ucraniano, como forma de assegurar que os cidadãos e militares daquele país pudessem continuar a estar ligados à Internet. Agora, especialistas militares alertam que o uso destas estações terrestres pode estar a “pintar um alvo gigante” nas costas dos ucranianos. Estas estações emitem sinais que podem ser detetados pelos inimigos e servir de alvo para bombardeamentos ou outras ameaças.
“Se um inimigo tiver um avião especializado no ar, consegue detetar o sinal e focar-se aí”, alerta Nicholas Weaver, investigador de segurança da Universidade da Califórnia, lembrando que tal deteção “não é necessariamente fácil, mas os russos têm bastante prática em detetar vários emissores de sinais na Síria. A Starlink pode estar a funcionar de momento, mas qualquer pessoa que esteja a preparar um satélite na Ucrânia deve considerá-lo como um potencial alvo gigante”, cita a CNN.
Pouco depois destas recomendações terem surgido, o próprio Elon Musk escreveu no Twitter para lembrar que “aviso importante: a Starlink é provavelmente o único sistema de comunicações não-russo a funcionar ainda na Ucrânia, por isso a probabilidade de se tornar um alvo é muito grande. Por favor, usem com cautela”. O fundador da SpaceX publicou outra mensagem a lembrar que o sistema só deve ser ligado quando estiver a ser usado e que as antenas devem ser colocadas o mais longe possível da população, recomendando ainda uma ligeira camuflagem para evitar a deteção visual.
A resposta da SpaceX ao pedido do vice-primeiro ministro ucraniano Mykhailo Fedorov foi rápida, com a empresa a anunciar que iria disponibilizar o serviço de acesso à Internet por satélite naquele país. O número de estações terrestres e antenas enviados para o terreno não foi publicitado, nem se conhecem ainda os planos do governo ucraniano para usar e distribuir este serviço.
No Twitter, depois da oferta de ajuda, o responsável ucraniano já publicou algumas mensagens de agradecimento a Musk e à SpaceX, ilustradas com fotografias de estações terrestre e antenas instaladas e a funcionar. Depois dos alertas e das recomendações de uso com cautela, Fedorov respondeu “Claro… Vamos usá-los para os ucranianos também depois da nossa vitória”.
Alp Toker, que lidera a NetBlocks, explica que a maior parte do território ucraniano ainda tem as ligações ‘tradicionais’ de Internet, apesar dos ataques russos a partes da infraestrutura de telecomunicações. Este especialista lembra que o sistema Starlink não será suficiente para manter a Ucrânia de novo online, no caso de um apagão global, mas que os satélites podem ajudar a servir de hotspots para serviços cruciais como hospitais, grupos de resistência ou mesmo jornalistas e entidades públicas.