Um estudo do Real Facebook Oversight Board e da organização independente Stop Funding Heat analisou 195 páginas e grupos da rede social de Zuckerberg para constatar que um total de 45 mil publicações a rejeitar ou a retirar importância às alterações climáticas recebeu mais de 818 mil visualizações. Estas organizações alertam para o aumentar do tom e do volume destas campanhas que contam com cada vez mais publicações e chegam a um número cada vez maior de utilizadores.
“É aqui que as ambições do Cop26 e as revelações dos Facebook Papers colidem, com os nossos dados a mostrar que o Facebook está entre os maiores disseminadores de desinformação sobre o clima”, acusam os investigadores.
Das quase 200 páginas analisadas com o CrowdTangle, a ferramenta de analytics da própria Facebook, 41 foram consideradas de “tema único”, ou seja, meramente vocacionadas para partilhar memes a desvalorizar as alterações climáticas, refutar a sua existência ou troçar dos políticos que tentam combatê-las através de legislação. As restantes páginas e grupos surgem associados a figuras públicas ou já têm algum peso na comunidade. Segundo a Stop Funding Heat, as interações por publicação nesta amostra de páginas e grupos aumentaram 76,7% face ao ano anterior: “se continua a crescer a este ritmo, pode causar danos significativos no mundo real”, alerta Sean Buchan, da organização não governamental, ao The Guardian.
Geralmente, o número de fontes de desinformação responsáveis é bastante baixo. Neste caso em concreto, 78% das receitas de publicidade vinham de um grupo de sete páginas, todas já reportadas em estudos anteriores e que a Facebook se recusou remover no passado. Um outro relatório estima que 69% do conteúdo que nega as alterações climáticas nesta rede social vem do mesmo grupo de dez publicadores, responsáveis por quase sete mil artigos no último ano a negar a crise climática.
A Facebook já reagiu contestando a metodologia usada no estudo e a reforçar que “estamos focados em reduzir a desinformação sobre alterações climáticas na nossa plataforma, razão pela qual empregamos uma rede de verificadores de factos em todo o mundo e reduzimos a distribuição de qualquer conteúdo que esta classifique como falso ou enganador e rejeitamos quaisquer anúncios publicitários que possam ter sido associados”.