Já vem de longe a ligação entre a Shell e a Microsoft. Mas pode-se dizer que a adversidade ajudou a estreitar os laços. Neste caso, a maior petrolífera europeia e a gigante tecnológica assumem-se como parceiras essenciais no combate às alterações climáticas. No ano passado, a Microsoft anunciou um objetivo bastante ambicioso: apresentar emissões de carbono negativas, em 2030 e pelo ano de 2050 ter eliminado, ou compensado, todas as emissões desde a fundação da empresa, em 1975. Em paralelo, foi também anunciada a aliança com a petrolífera, que se tornou num dos principais parceiros para o cumprimento deste objetivo.
Dan Jeavons, da petrolífera anglo-holandesa, avançou à Exame Informática, durante o Web Summit, que a colaboração já se traduziu no fornecimento de mais de 300 megawatts de energia renovável, usada para alimentar os centros de dados da Microsoft. “As emissões dos sistemas de computação são relevantes. Temos de a ter em conta”, admite o responsável pela transformação digital da Shell.
As empresas são também parceiras na gestão mais eficiente da informação, com recurso a inteligência artificial para acesso a dados em tempo real, com especial destaque para a utilização do sistema de computação cloud, Azure, da Microsoft, para melhorar a análise e prevenção de risco. “Estamos a usar computação para desenhar as novas instalações de energia eólica, de forma a maximizar o seu potencial”, conta.
E o contrário também acontece. A tecnológica acaba por beneficiar de competências desenvolvidas na indústria energética. “Muitas das competências que temos na indústria da energia podem ajudar as empresas tecnológicas a reduzir as emissões”, sublinha, exemplificando com a tecnologia de arrefecimento que está a ser usada para arrefecer os computadores.
A aposta na blockchain ganhará mais relevância, num setor de energia cada vez mais complexo e descentralizado, como detalhou o responsável à Exame Informática. Para acelerar o ecossistema das start-ups da área e contribuir para a mudança no setor da energia, a empresa irá ainda investir 1,4 mil milhões de dólares nos próximos seis anos, revelou.