A Facebook terá feito depender o pagamento de cinco mil milhões de dólares à Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC, regulador do mercado de valores mobiliários), na sequência do escândalo Cambridge Analytica, de uma retirada de queixas individuais contra Mark Zuckerberg, fundador e diretor executivo da empresa. Na prática, a empresa concordou em pagar cerca de 50 vezes mais do que o que previsto pelos próprios advogados do Facebook para proteger o seu CEO.
A situação torna-se conhecida agora que dois grupos de acionistas apresentaram queixa em tribunal e juntam documentos que ilustram discussões internas entre a administração da Facebook. “Zuckerberg, [Sheryl] Sandberg e outros diretores da Facebook concordaram em autorizar um acordo de milhares de milhões com a FTC com um expresso quid pro quo [contrapartida] para proteger Zuckerberg de ser nomeado na queixa da FTC, sujeito a ser responsabilizado ou até intimado a testemunhar”, lê-se numa das queixas reveladas pela publicação Politico.
As queixas sobre este tema foram apresentadas no tribunal no ano passado, mas foram agora adicionados documentos que mostram o teor das discussões internas em torno deste tema. Em 2019, a empresa recebeu a notificação de que a FTC ia apresentar queixa contra a empresa e contra o próprio Zuckerbeg. Na altura, estimava-se que a multa ia ficar nos 106 milhões de dólares – se Zuckerberg testemunhasse em tribunal. No entanto, a empresa concordou em pagar os cinco mil milhões de dólares previstos pelo regulador para evitar que o fundador e a responsável operacional Sheryl Sandberg tivessem de ir parar ao banco dos réus e pudessem ser pessoalmente responsabilizados.
A Facebook recusou comentar este tema.