Marc Baier, Ryan Adams e Daniel Gericke assumiram fazer parte da unidade clandestina conhecida por Project Raven e que foi montada pelos Emirados Árabes Unidos para espiar os seus inimigos. Os três agentes confessaram ter pirateado contas de ativistas dos direitos humanos, membros de outros governos e jornalistas. Uma investigação da Reuters descobriu e denunciou o esquema.
Os três homens assumiram a sua culpa perante as autoridades no âmbito de um acordo para evitar que o processo seguisse nos tribunais. Os espiões vão ter de pagar agora uma multa de 1,69 milhões de dólares e concordam em não se candidatar mais a qualquer emprego que lhes dê acesso a segredos de segurança nacional.
Os espiões admitiram ter pirateado redes de segurança dos EUA, exportado ferramentas de intrusão sofisticadas sem autorização e de ter acedido a computadores e telemóveis de privados. No entanto, explicaram que só atuaram desta forma porque as autoridades dos Emirados lhes asseguraram que o governo norte-americano estava informado e teria autorizado estas atividades.
Um dos trabalhos executados por estes espiões foi o lançamento de uma ciberarma sofisticada chamada Karma que permitiu piratear iPhones das vítimas sem que estas tivessem de clicar em qualquer link malicioso. Com o software instalado, os espiões tiveram acesso às comunicações de milhares de vítimas, incluindo um ativista iemenita e um apresentador da BBC.
A investigação da Reuters de 2019 conclui que há operacionais ou ex-operacionais dos EUA a conduzir este tipo de trabalhos de espionagem a favor de governos estrangeiros com pouca monitorização e responsabilização.
Lori Stroud, analista da National Security Agency dos EUA que trabalhou no Project Raven e que denunciou a situação depois, afirma que “o catalisador mais significativo para trazer este assunto à baila foi o jornalismo de investigação – a denúncia atempada e tecnicamente detalhada criou a perceção e o momentum para se garantir justiça”.