“Somos forçados pela política britânica a parar de fazer negócio com clientes britânicos”, escreve a empresa holandesa especializada em peças para bicicletas Dutch Bike Bits. Esta empresa publicou no seu site a informação de que pode expedir encomendas para todos os países do mundo, exceto para o Reino Unido. A belga Beer On Web também segue o mesmo comportamento, referindo “as medidas do Brexit” como justificação para cessar o fornecimento a este mercado.
A BBC salienta que muitas empresas estão insatisfeitas com o Brexit, que trouxe um aumento de custos e de carga burocrática quando querem fazer negócios com clientes britânicos. Para já, é incerto o número de empresas que pura e simplesmente deixa de enviar encomendas para aquele território.
Uma das principais alterações prende-se com o local de cobrança do IVA que passa a ser no ponto de venda e não no ponto de importação o que, na prática, significa que os retalhistas que estejam a enviar produtos para o Reino Unido têm de se registar para o IVA britânico e contabilizá-lo caso o valor da venda seja inferior a 150€ (135 libras). Um porta-voz do governo refere que esta medida pretende apurar o valor correto deste imposto e vai permitir um encaixe de 300 milhões de libras anualmente. “O novo modelo assegura que os bens de países da UE e de fora da EU são tratados da mesma forma e que as empresas do Reino Unido não estão em desvantagem face aos rivais”, salienta a mesma fonte oficial.
Adam French, especialista em direitos do consumidor do grupo Which?, reforça que “é vital que o governo clarifique aos consumidores e aos comerciantes quais as alterações que resultam do Brexit e como isso se reflete na forma como fazem as compras. Deve também trabalhar para assegurar que os consumidores do Reino Unido mantenham acesso a um leque de produtos de qualidade e a preços competitivos”.
A Dutch Bike Bits esclarece no seu site que as autoridades britânicas pretendem que todas as empresas do mundo paguem uma taxa para colocar bens naquele mercado o que será incomportável se todos os países do mundo tiverem a mesma ideia: “Se todos os países decidirem fazer o mesmo, então teremos de pagar taxas em 195 países todos os anos, estar a par das alterações fiscais em 195 países, manter contabilidade em 195 países e submeter pagamentos em 195 países diferentes”. A empresa encoraja os seus clientes britânicos a reclamarem junto dos representantes políticos para que a situação seja revista.