É um problema geral: há falta de mulheres na área de programação. Mesmo com um método de ensino completamente a Escola 42, que chegou este ano a Portugal, não conseguiu ainda combater esta tendência global.
Na primeira fase de seleção, as candidaturas do sexo feminino ainda representaram 33 por cento. No entanto, no grupo que agora entra na última etapa do processo, são apenas 17 por cento, revela Mafalda Sousa Guedes, da Escola 42. “É um problema que vamos ter de resolver”, admite a responsável pela Comunicação, uma vez que está mais do que demonstrada a mais-valia de existirem equipas mistas também nesta área.
A Escola 42 chega a Portugal depois de ter sido lançada em Paris e de se ter espalhado a vários países, como Espanha, Itália ou Brasil. Tudo é inovador neste sistema de ensino de programação. A pedagogia assente no trabalho de equipa e na aprendizagem autónoma, a dispensa de formação prévia e até a ausência de propinas são algumas das características que atraem os candidatos.
A Lisboa, a Escola chegou pela mão de Pedro Santa-Clara, professor de Finanças, ligado à instalação da Nova SBE no Campus de Carcavelos, e da sua equipa da Shaken not Stirred, e graças ao patrocínio de um grupo de mecenas, como acontece em todas as congéneres. Está instalada numa antiga tipografia, na zona da Penha de França, com mesas compridas e computadores espalhados por três andares.
Desde o início de julho já houve 5700 candidaturas, dos 17 aos 61 anos, sendo 15% dos candidatos estrangeiros. Lorenna Vieira, de 28 anos, faz parte dos dez por cento de candidatos de origem brasileira. Sempre teve vontade de entrar no mundo da programação e espera conseguir mudar de vida com a frequência do curso. O seu sonho é conseguir “levar a programação até áreas mais pobres” do seu Brasil. “O que me interessa sobretudo neste curso é ser gratuito e com horário flexível”, diz. Aberta 24 horas por dia, sete dias por semana, permite aos alunos acumular a frequência do curso com outra atividade – embora não seja totalmente recomendável. Outra das singularidades é o facto de não exigir formação obrigatória – 63% dos candidatos concluiu apenas o 12º ano.
Estes primeiros sobreviventes ao processo de seleção, que passa por ir cumprindo tarefas cada vez mais complexas, começarão a frequentar o curso em fevereiro do próximo ano. As candidaturas mantêm-se abertas o ano todo.