A política de discurso de ódio da Facebook foi revista e vai passar a incidir e bloquear também sobre as mensagens e conteúdos que neguem a existência do Holocausto. Depois de anos a recusar fazê-lo, alegando a liberdade de expressão e responsabilizando os criadores dessas mensagens, a rede social anunciou hoje uma inversão da posição, citando agora o aumento o número de ataques de discurso de ódio e como parte do combate a esta ameaça.
Em 2018, numa entrevista ao Recode, Mark Zuckerberg afirmou que a negação do Holocausto estava errada e que, a título pessoal, considerava estas mensagens “profundamente ofensivas”, mas defendeu que a empresa não devia remover estes conteúdos. Agora, Monika Bickert, vice-presidente da empresa para a Política de Conteúdos, afirma num comunicado que “Banimos mais de 250 organizações de supremacia branca e atualizamos as nossas políticas para incluir grupos de milícias e QAnon. Também banimos outros indivíduos e organizações globalmente e removemos mais de 22,5 milhões de artigos de discurso de ódio na nossa plataforma no segundo trimestre do ano. Depois de um ano com consultores externos, banimos recentemente os estereótipos anti-semíticos sobre o poder coletivo dos Judeus que os ilustram como estando a gerir o mundo ou as grandes instituições”, cita o Tech Crunch.
Além de não bloquear este discurso até agora, a Facebook estaria também ativamente a promovê-lo: uma investigação do Institute for Strategic Dialogue (ISD) britânico concluiu que os resultados de pesquisas na rede social devolviam ligações para as páginas negacionistas.
Agora, Zuckerberg assina também uma mensagem onde refere que “traçar a linha entre o que é e o que não é discurso aceitável não é direto, mas com o estado atual do mundo, acredito que este seja o equilíbrio correto”.
A Facebook sublinha que a aplicação da política não pode acontecer de um momento para o outro e que os revisores e sistemas ainda vão precisar de tempo para bloquearem estes conteúdos.