O boicote à publicidade na rede social foi organizado em meados de junho e fez com que vários grupos multinacionais e empresas parassem de colocar publicidade no Facebook no mês de julho. Entre os descontentes com as atuais políticas da empresa de Zuckerberg estão gigantes como a Disney, a Unilever ou a Volkswagen. Ainda antes de começar o mês de julho, já havia muitos críticos que desconfiavam da eficácia da ação, salientando que uma grande parte da receita da Facebook vinha dos pequenos anunciantes, onde milhões e milhões de empresas têm de recorrer a esta forma de publicidade, pois não têm alternativa. Por outro lado, Zuckerberg também não estaria particularmente preocupado e terá comentado que os gigantes acabariam por voltar depois da suspensão.
Agora, vários moderadores (atuais e antigos) da Facebook foram ouvidos pelo The Guardian e pedem que o boicote continue e que não seja apenas “uma manobra de relações públicas” que é suspensa “assim que receberem os relatórios que querem”. Um deles, que preferiu manter o anonimato, explica que “não creio que a Facebook se vá preocupar muito com isto e não perderam grande receita. É como se tivessem perdido apenas 5%, só dura até ao fim de julho e vão recuperar”.
Um outro moderador, ainda no ativo, está preocupado com a sua saúde mental e a dos colegas: “sentir-nos-íamos melhor se pudéssemos apagar mais conteúdos. Um dos fatores de stress é que temos de deixar nas plataformas conteúdos que pensamos que são prejudiciais e maus. Muito do stress vem do facto de termos minorias entre nós e, por vezes, temos de lhes explicar que algo que sabemos ser discurso de ódio não pode ser apagado”.
Outro funcionário explica que há determinadas contas e perfis, como o de Donald Trump, que são moderados por uma equipa distinta de especialistas e que possam estar a receber um tratamento diferenciado, prática que devia também ser questionada: “se há determinado tipo de discurso que não é aceite, o facto de alguém estar a pagar para mostrar esse tipo de discurso não devia fazer a diferença. Sei que reportei alguns anúncios há algum tempo que pensei estarem em violação das políticas, mas mantiveram-se online”.
Oficialmente, a vice-presidente do grupo Carolyn Everson disse que “respeitamos a decisão de qualquer marca e permanecemos focados no trabalho importante de remover o discurso de ódio e fornecer informação crítica. As nossas conversas com o mercado e as organizações de direitos civis são sobre como é que, em conjunto, podemos ser uma força do bem”.