O Programa Comércio Digital, uma iniciativa da Associação da Economia Digital (ACEPI), foi relançado nesta terça-feira com um maior foco na formação dos empresários em vendas online e também como uma forma de ajudar mais empresas a terem uma loja na internet. O programa agora reformulado é o mesmo que já tinha sido anunciado em 2018 e oficialmente lançado em 2019.
Aquele que era o principal chamariz da iniciativa, a oferta de um voucher que inclui um domínio .PT, uma caixa de e-mail dedicada e o alojamento de um site online durante um ano, mantém-se, mas vem agora acompanhado de um ‘pacote’ mais completo. Quem se inscrever no Programa Comércio Digital vai também ter, durante um ano, acesso gratuito ao selo Confio.pt.
Mas a grande novidade acaba por estar na aposta formativa. No site do Comerciodigital.pt passam a estar disponíveis sete cursos gratuitos sobre como vender na internet, e todas as semanas haverá um seminário para ajudar as empresas a tornarem mais eficaz a sua presença nos canais digitais. A plataforma também passa a agregar um diretório de lojas online por regiões, numa lógica de comércio de proximidade.
Foi ainda criada uma linha telefónica de apoio – 800 100 236, as chamadas são gratuitas – para ajudar todos os que querem tirar partido das ofertas do programa, mas têm dúvidas, ou simplesmente não têm experiência, com as ferramentas digitais.
A principal razão que explica estas mudanças no Programa Comércio Digital é a tentativa de dar uma resposta mais eficaz à crise económica provocada pela pandemia da Covid-19. “Muitos comerciantes não estavam preparados para este desafio. Fazer a transição para o digital não é um processo fácil, mas é verdade que do ponto de vista das competências digitais é um dos eixos em que há maior fraqueza da nossa atividade digital. Há a necessidade de criar condições para que os comerciantes possam dar salto para o digital. Esta é a fase de relançar o comércio e os serviços, apoiando a economia digital”, justificou Alexandre Nilo Fonseca, presidente da ACEPI, durante o relançamento da iniciativa.
Quando foi apresentado em 2018, o programa tinha o objetivo de criar uma presença online para 50 mil novas empresas. Questionado sobre o progresso deste objetivo, o presidente da ACEPI não adiantou um número concreto de empresas que já tiraram partido da iniciativa, adiantando apenas que “cerca de 25% das empresas de comércio e serviços conheciam o projeto”. “Ainda tínhamos um ano de projeto pela frente, no formato anterior, e tínhamos mais de 100 sessões de roadshow para fazer. Interrompemos tudo”, justificou. Isso também fez com que o plano para lançar 50 espaços de Comércio Digital, em associações de comércio locais, “para que o comerciante se dirigisse e tivesse apoio mais próximo”, também fosse cancelado.
O programa, que conta com o apoio do Ministério da Economia e da Transição Digital, vai, num futuro próximo, ser complementado com a iniciativa Comércio.pt, uma iniciativa do Governo, com “benefícios de apoios diretos”, para ter mais empresas portuguesas a venderem na internet, com “plataformas de logística integradas”, e que faz parte do programa de estabilização económica e social de resposta à crise da Covid-19, explicou João Torres, secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor.
“Gostava de recordar que plano de estabilização económica e social tem recursos para a modernização do nosso comércio e serviços. São indispensáveis à vida moderna, à capacitação das empresas, dos trabalhadores e dos próprios consumidores no crescimento e maturidade das nossas sociedades”, acrescentou por seu lado Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital.