A indústria tecnológica tem vários projetos em curso para desenvolver diferentes apps e sistemas que monitorizem os contactos entre pessoas e disparem alertas caso o utilizador tenha estado em contacto com alguém que venha a ter um resultado positivo de infeção do novo coronavírus (SARS-CoV-2). Numa iniciativa sem precedentes, a Apple e Google estão a cooperar para desenvolver um destes mecanismos que funciona tanto em iOS, como em Android.
Na Islândia, país que rapidamente reagiu assim que apareceu o primeiro caso positivo de Covid-19, regista-se a maior taxa de penetração de um destes sistemas de rastreamento: 38% da população (de 364 mil pessoas) já descarregaram a app Rakning C-19 apoiada pelo governo local e que monitoriza os contactos com base em tecnologia GPS, mediante a autorização prévia dos utilizadores.
Gestur Pálmason, inspetor sénior do serviço policial da Islândia, o organismo que está a tutelar este sistema, considera que há um sucesso médio, face ao método mais tradicional de entrevistas telefónicas: “A tecnologia é mais ou menos… não diria inútil. (…) Mas é a integração dos dois que nos dá o resultado. Diria que a Rakning C-19 já provou ser útil por vezes, mas não foi verdadeiramente revolucionária para nós”, cita a publicação MIT Technology Review.
Este responsável refreia os ânimos daqueles utilizadores que possam estar mais esperançosos de que este tipo de app pode ser verdadeiramente revolucionária e, sozinha, uma arma eficaz contra os contágios. “É compreensível, porque uma app é algo que se compra. Mas é importante deixar bem claro para todos que o rastreamento manual não é menos importante”.
A experiência da Islândia, nação isolada, com uma população relativamente pequena, que consegue 38% de taxa de penetração deste tipo de apps, deixa algumas reservas sobre como será a adoção noutras regiões, com outro tipo de características. Neste país, registam-se cerca de 1800 casos de doentes infetados e apenas dez mortos, com o mais recente a ter sido declarado a 19 de abril.
Segundo Pálmason, há outras razões que ajudam a explicar os números islandeses. “Estamos a trabalhar num modelo colaborativo com os cidadãos. Há legislação [sobre confinamento] e podemos passar multas, mas praticamente não o fizemos: confiamos nos cidadãos e no facto de que irão respeitar as orientações das entidades. Este modelo teve resultados fantásticos, na minha opinião”.