Um desvio de rota deixou o único satélite detido pelo estado venezuelano inoperacional no que toca à transmissão de Televisão e serviços de telecomunicações enviados para Terra. De acordo com a monitorização levada a cabo pela ExoAnalytic Solutions, na manhã do dia 13 de março, o VeneSat-1 executou um primeiro conjunto de manobras que o levou a afastar-se da órbita geoestacionária original. Três horas depois destas manobras imprevistas, registou-se um segundo conjunto de comandos que o levou a posicionar-se a Oeste da rota inicial.
Os especialistas acreditam que, neste momento, o satélite venezuelano apenas dispõe de uma margem de manobra para um desvio máximo de 40 graus. Uma manobra que exceda essa margem terá como resultado a perda de linha de vista dos serviços terrestres das autoridades venezuelanas e consequentemente a perda de controlo do satélite, informa o SpaceNews.
Segundo os dados de observação telescópica de empresas de monitorização de veículos e detritos espaciais, no dia 13 de março, o VeneSat-1 abandonou a rota inicial que o posicionava com uma longitude nos 78 graus Oeste face à Venezuela para passar a assumir uma elipse que, no ponto mais baixo, se encontra 50 quilómetros de altitude acima daquela que a maioria dos satélites de telecomunicações geoestacionários costuma assumir. O ponto mais alto da ‘nova’ elipse do Venesat-1 está 525 quilómetros acima da órbita mais usada por este tipo de satélites.
A ABAE, agência especial da Venezuela, ainda não se pronunciou sobre o incidente. O governo de Caracas também permanece silencioso sobre a matéria. Pelo que não se sabe ainda quais as causas do inesperado desvio na rota do satélite, nem que medidas vão ser tomadas.
A decisão que for tomada e a perícia de quem a tiver de executar podem ser determinantes: neste momento, as autoridades venezuelanas poderão tentar um improvável reposicionamento do satélite ou enveredar por comandos que o enviam para uma rota que pode ser descrita como um ferro-velho espacial, por albergar vários satélites avariados ou inoperacionais, que deixaram de prestar serviços à Terra.
No caso de ser superada a margem de manobra de 40 graus, as autoridades venezuelanas arriscam-se a perder todo o contacto e capacidade de manobra do satélite – o que impedirá o envio do veículo para a órbita que hoje é usada como um cemitério de satélites.
A perda de operacionalidade do VeneSat-1 tem como consequência limitações nos serviços de telecomunicações na Venezuela, que só poderão ser supridas com a contratação de serviços junto de outros operadores de satélites ou com o envio de um novo satélite – o que, no calendário do governo Venezuelano estava aprazado para 2024.
Construído na China, o VeneSat-1 foi lançado para o Espaço em 2008, ficando operacional desde o início de 2009. Originalmente, previa-se que o primeiro satélite venezuelano ficasse em operações até 2024 – ano em que deveria ter sido substituído por um novo satélite.