O regulador de privacidade da Austrália acusou a Facebook de partilhar, sem autorização, dados de mais de 300 mil cidadãos e avançou com um processo judicial.
A consultora Cambridge Analytica terá recebido os dados de mais de 311 mil utilizadores australianos do Facebook e a Comissária de Informação australiana, que defende a privacidade dos cidadãos, pretende processar a empresa de Zuckerberg pela partilha indevida e não autorizada.
A informação, recorde-se, era obtida através do quizz ‘This Is Your Digital Life’ e partilhada com a consultora, que teve desta forma acesso a dados de utilizadores de todo o mundo.
O regulador australiano considera que o design da plataforma do Facebook não permitiu que os utilizadores fizessem escolhas razoáveis no que toca ao controlo dos dados partilhados.
Cada quebra de privacidade pode dar origem a uma multa de 1,7 milhões de dólares australianos (cerca de 980 mil euros) e, caso os tribunais decidam a multa máxima por cada quebra, a multa total ascende a 529 mil milhões de dólares australianos, ou cerca de 300 mil milhões de euros, noticia a Reuters.
O porta-voz da Facebook confirma estar a trabalhar com este organismo há dois anos como parte da investigação e lenbra que já foram feitas alterações significativas na plataforma para restringir o acesso de terceiros aos dados, foram implementados novos protocolos de gestão e instituídos controlos avançados para ajudar os utilizadores a proteger e gerir os seus dados.
O escândalo Cambridge Analytica revelou que a Facebook partilhou de forma inapropriada os dados de mais de 87 milhões de utilizadores com a consultora (entretanto encerrada) Cambridge Analytica. Entre os clientes desta empresa estavam a campanha eleitoral de Donald Trump.
A Cambridge Analytica chegou a abrir representação na Austrália, apesar de não ter trabalhado com nenhum partido político daquele país.
A entidade de defesa da privacidade australiana considera agora que os dados de cidadãos foram expostos aos riscos de serem partilhados, usados para gerar receitas financeiras e para fins de identificação política e que estas quebras representam sérias e repetidas interferências para a privacidade.