A Procuradoria Geral da República (PGR) fez saber hoje que o principal suspeito das revelações sobre os maiores clubes portugueses e estrangeiros no denominado caso Football Leaks vai a julgamento sob a acusação de práticas relacionadas com sabotagem informática, violação de correspondência, acesso ilegítimo e extorsão. Ao todo, os magistrados do Ministério Público atribuem 147 possíveis crimes a Rui Pinto – sendo que 145 destas acusações dizem respeito a violação de correspondência e acesso ilegítimo, informa o Ministério Público em comunicado. Além de Rui Pinto, também o advogado Aníbal Pinto, que representou temporariamente o alegado hacker, foi constituído arguido.
Os magistrados alegam que Rui Pinto terá praticado os alegados crimes entre o início de 2015 e 16 de janeiro de 2019. Durante este período, o suspeito, que foi detido pelas autoridades húngaras e depois extraditado para Portugal, «instalou, nos seus equipamentos, diversos programas informáticos e ferramentas digitais que lhe permitiam, de forma dissimulada e anonimizada, entrar nos mencionados sistemas informáticos e caixas de correio de terceiros e daí retirar conteúdos», adiantam os magistrados do Ministério Público.
No entender da acusação produzida pela PJ e Ministério Público, Rui Pinto terá criado o site “Football Leaks” com o propósito de divulgar os vários documentos confidenciais relativos a diferentes negócios ou processos judiciais que foram obtidos junto de servidores de várias entidades atacadas. Sporting Clube de Portugal, a Federação Portuguesa de Futebol, a sociedade de advogados PLMJ e a própria Procuradoria-Geral da República são as entidades apontadas no rol de vítimas que, segundo a acusação, terão sido vítimas das intrusões do jovem de Gaia.
«Este arguido acedeu, igualmente, a computadores de responsáveis da Doyen Sports, tendo depois, e assumindo uma identidade fictícia, entrado em contacto com o representante legal daquele fundo de investimento dizendo que pretendia uma quantia entre 500 mil e 1 milhão de euros para que toda a informação que tinha na sua posse fosse eliminada de seguida», refere o comunicado do Ministério Público.
O Ministério Público admite ainda que Rui Pinto tenha levado a cabo intrusões de outras entidades publicas e privadas. Em comunicado, os magistrados lembram ainda que foi solicitada e aceite a extensão do mandado de detenção que levou à extradição de Rui Pinto para Portugal. Rui Pinto encontra-se atualmente em prisão preventiva. O advogado Aníbal Pinto, que é arguido por alegado conluio com Rui Pinto encontra-se sob o termo de identidade e residência.