Julian Assange, fundador do Wikileaks que passou sete anos exilado na embaixada do Equador em Londres, acaba de receber mais uma leva de acusações: O Departamento de Justiça dos EUA acaba de anunciar um conjunto de 17 acusações. Entre as acusações elencadas pelo Governo americano destaca-se a de espionagem. Assange, que se encontra a cumprir uma pena de 50 semanas no Reino Unido por se ter recusado a pagar uma fiança antes de se exilar na embaixada do Equador, arrisca-se agora a passar várias dezenas de anos preso caso venha a ser extraditado para ser julgado nos EUA.
Antes destas 17 acusações, Assange já havia sido alvo de uma acusação de conspiração pelas autoridades americanas. Essa acusação também acabou por envolver Chelsea Manning, a ex-analista dos serviços de inteligência dos EUA que está na origem das fugas de informação que tornaram famosos Assange e o portal Wikileaks. Por via dessa acusação, Chelsea Manning, que já havia sido libertada após uma decisão do antigo presidente Barack Obama que reduziu para sete anos de prisão a condenação original de 35 anos, voltou a ser detida.
A detenção foi decidida depois de Manning ter rejeitado depor em tribunal contra Assange. O depoimento de Manning pode ser especialmente importante: foi enquanto antigo soldado (já na prisão mudou de sexo e passou a responder pelo nome de Chelsea) que Manning terá sido, alegadamente, aliciado por Assange a fornecer dados sobre as diferentes operações americanas em diferentes pontos do mundo.
Além da pena de 50 semanas decidida pela justiça britânica, Assange poderá vir a enfrentar os tribunais suecos, devido a acusação de violação por parte de uma mulher. No que toca ao processo iniciado nos EUA, a Reuters recorda o facto de as acusações de espionagem geralmente incidirem sobre profissionais da administração americana – o que não é o caso de Assange.
«Estas acusações revelam a gravidade da ameaça que a acusação criminal contra Julian Assange representa para todos os jornalistas durante a sua missão de informar o público sobre ações que foram tomadas pelo governo dos EUA», defendeu Barry Pollack, advogado que deverá assumir a defesa de Assange na justiça americana.
Como seria de esperar, do lado do governo dos EUA, a questão é vista de forma diferente: segundo as autoridades dos EUA as revelações levadas a cabo pelo portal Wikileaks puseram em risco as vidas de soldados, operacionais dos serviços secretos, líderes religiosos, defensores dos direitos humanos ou até dissidentes políticos em países que vivem em ditadura. Em causa está a revelação das identidades dessas pessoas – um fator que o Departamento de Segurança Interna garante ter solicitado, em vão, ao portal Wikileaks, conclui a Reuters.