É um dia histórico para a UE e para a Agência Espacial Europeia (ESA): a constelação de satélites Galileo já está a providenciar os primeiros serviços de localização, navegação e certificados temporais de dados para todo o mundo.
Em novembro, foram lançados mais quatro satélites desta constelação que tem vindo a ser criada como forma de evitar a excessiva dependência de serviços comerciais e estratégicos da constelação GPS, que é detida pelos EUA. O lançamento dos quatro satélites, que a Exame Informática acompanhou a partir da estação da ESA na ilha de Santa Maria, Açores, já era apontado como o início de um novo estágio para o novo serviço de navegação europeu – e hoje a ESA confirmou a entrada na nova fase com o lançamento dos denominados Initial Services, mas logo lembrando que a constelação não está ainda concluída. «Vão ser feitos mais lançamentos para relacionados com esta constelação de satélites, que deverá melhorar gradualmente o desempenho e a disponibilidade do sistema a nível mundial», refere um comunicado da ESA.
Hoje, há 18 satélites a orbitar a mais de 22 mil quilómetros da Terra. Até 2020, esse número deverá subir para um total de 20 satélites. Apesar de hoje ser o primeiro dia do resto da vida da Galileo, importa lembrar que a independência tecnológica ainda não foi alcançada: «O Anúncio dos Serviços Iniciais da Galileo significa que os satélites Galileo e a infraestrutura terrestre estão agora operacionais. Estes sinais serão altamente precisos, mas não vão estar operacionais a tempo inteiro. É por isso que esta fase inicial, os primeiros sinais da Galileo serão usados em combinação com outros sistemas de navegação por satélite, como o GPS», descreve a Comissão Europeia em comunicado.
No comunicado que a Comissão Europeia, são dados a conhecer os três cenários que vão poder beneficiar dos serviços de locação dos Galileo: 1) suporte a operações de emergência com dispositivos compatíveis com a constelação europeia vão permitir localizar uma pessoa perdida num local remoto num máximo de 10 minutos, em vez de horas; 2) os telemóveis que estão devidamente aptrechados já podem obter a localização através dos satélites Galileo e, depois de 2018, prevê-se que todos os carros vendidos na Europa usem sistemas de localização da constelação Galileo no suporte ao sistema de emergências eCall; 3) os serviços de sincronização para as telecomunicações, banca e infraestruturas críticas vão passar a dispor de maior precisão (e, apesar de a Comissão Europeia não referir, há também maior independência face aos EUA); e 4) serviços de localização encriptados para a proteção civil.
Maroš Šefčovič, Comissário Europeu para a Energia, foi convocado pelos serviçlos de media da Comissão Europeia a assinalar a data histórica para a UE: «A geo-localização está no cerne da revolução digital que está em curso, com novos serviços que transformam as nossas vidas diariamente. A Galileo vai melhorar 10 vezes a precisão da geo-localização e vai disponibilizar a nova geração de tecnologias baseadas na localização, como os carros autónomos, os dispositivos conectados, ou os serviços das cidades inteligentes. Hoje, posso dizer aos empreendedores europeus: imaginem o que podem fazer com a Galileo – não fiquem à espera, inovem!»