No domingo, Mahmoud Vaezi, ministro da tecnologia iraniano, deu o tiro de partida para um novo salto tecnológico no País dos aiatolas: a criação de uma Internet nacional.
O ministro não desperdiçou a oportunidade de recorrer os termos promocionais que costumam ser usados pelos operadores na inauguração desta nova Internet nacional. O acesso à Net deverá ter a qualidade e a elevada velocidade, sem sobrecarregar os tarifários.
Com a Internet iraniana, o governo de Teerão pretende encontrar uma solução que alie os valores e costumes islâmicos com a evolução tecnológica dos tempos mais recentes. De acordo com a BBC, há ainda mais uma razão para que o governo iraniano enverede pela criação de uma Internet própria: o sistema de filtragem de endereços, imagens, textos, e serviços classificados inadequados à luz da doutrina iraniana do Islão nem sempre corresponde às expectativas. Mahmoud Vaezi não se coibiu de classificar publicamente como «ineficaz» o sistema de censura de parte da Internet, tal como hoje está disponível para todo o mundo.
O uso de redes sociais como o Twitter, Instagram e Facebook mantém-se vedado à população – mas há várias notícias que dão conta de que os iranianos têm vindo a desenvolver mecanismos que permitem contornar os filtros tecnológicos.
A Internet nacional do Irão deverá começar a operar até ao final de 2016, com ligações a serviços e repartições públicas. Em 2017, deverão começar a ser disponibilizados os acessos para empresas e lares. O plano prevê ainda criar medidas de apoio às empresas que necessitem de usar a Internet para levar a cabo negócios com o exterior.
A iniciativa já gerou desconfiança e críticas entre os grupos de ativistas que se operam fora do Irão. Citado pela BBC, o grupo Article 19 recorda o histórico de perseguições políticas e religiosas do governo de Teerão: «O Projeto de Internet Nacional pode estar a abrir caminho a um maior isolamento e à vigilância e à retenção de informação».