Rui Gomes, diretor do Departamento de Informática no Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), ainda se lembra bem do tempo em que um programador de tecnologias ABAP, usadas nas plataformas SAP, se dava ao luxo de rejeitar salários de 5500 euros. «Em 2009, estive quase a contratar um técnico especialista nestas tecnologias. E era alguém que vinha de um sítio onde ganhava 6000 euros. Hoje, as coisas estão diferentes e um especialista sénior em ABAP tem um ordenado que começa nos 3000 euros».
As palavras de Rui Gomes permitem chegar a três conclusões: 1) Os salários dos técnicos de informática registaram uma desvalorização nos últimos quatro anos; 2) apesar da desvalorização ainda há vários profissionais das tecnologias com salários acima da média de outras profissões; 3) porque houve desvalorização de salários, só uma escolha acertada da especialização tecnológica pode garantir um salário da média.
Com algumas variantes e diferenças de detalhe, os três diretores de informática que a CIONET elegeu como os CIO de 2013 em Portugal, recordam que não basta dominar as máquinas – há que saber controlar a fatores humanos para ter uma carreira de sucesso.
Alexandre Ramos, diretor do Departamento de Tecnologias da Lusitânia Seguros e CIO 2013 na categoria de Orientação para o Cliente, dá o mote para quem quer chegar ao topo da informática: «Nunca tentei ser o especialista de tecnologias, mas sim saber o que a tecnologia pode fazer no trabalho diário de uma pessoa. Já soube programar… mas hoje já não sei».
Pensar para lá das fronteiras do País ajuda a perceber a importância do fator humano no percurso profissional associado à estereotipo de geek. Nuno Miller, CIO que venceu a categoria de Orientação para Tecnologia da CIONET, dá um exemplo: «há várias empresas espanholas, inglesas e alemãs que já vêm recrutar recém-licenciados às universidades portuguesas. E isto porque, além de uma enorme apetência para as tecnologias, os portugueses são também conhecidos pela capacidade de adaptação, por terem facilidade para aprender línguas, e também o compromisso que os profissionais costumam manter com os empregadores, que é invulgar noutros países».
A quem quer enveredar por uma carreira nas tecnologias, Nuno Miller traça um cenário otimista: «É uma área em que se continua a ganhar acima da média de outras profissões com mestrados e licenciados e que ainda está a viver no pleno emprego (em Portugal). Quem tira um curso na área das tecnologias tem um emprego quase assegurado».
Se quase todos têm emprego, como é que um profissional se distingue dos demais?
Rui Gomes, que ganhou a distinção de CIO de 2013 na categoria de Orientação para Processos de Negócio, realça a importância que a criatividade no desenvolvimento de novas soluções: «Sempre admirei aquelas pessoas mais criativas… muitas delas dominam melhor as tecnologias que os engenheiros. E por isso as grandes consultoras da área das tecnologias já começam a contratar pessoas de outras áreas de formação profissional».
Um espírito metódico e um trabalho organizado podem fazer toda a diferença para quem procura chegar a um posto de chefia. Alexandre Ramos deixa uma última dica para quem quer fazer carreira na informática:. «É fundamental ter o domínio de ferramentas de produtividade que são transversais a todas as áreas. Qualquer coisa que fazemos em termos de gestão de equipas exige capacidade de planificação e é essa planificação que permite acelerar projetos. Por vezes, vejo os mais jovens, que acabam de sair da faculdade, a trabalhar com folhas de papel… quando deveriam passar a usar folhas de cálculo, que têm todas as ferramentas que precisam».
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