José Correia da Silva estava a acompanhar a situação do novo coronavírus desde janeiro. Como estudante da área da Saúde, começou a dedicar-lhe atenção quando a doença ainda estava concentrada na China e viu-a transformar-se numa pandemia mundial, que obrigou ao isolamento social e encerrou até as atividades letivas presenciais da Universidade de Lisboa, onde este jovem de 25 anos frequenta o curso de Ciências Farmacêuticas na Faculdade de Farmácia. José regressou às origens para cumprir o seu isolamento social, o que, no neste caso, significa que está na ilha da Madeira desde 11 de março. Foi aí que meteu mãos à obra para criar o projeto covid19.crossroads, um espaço onde pretende informar os cidadãos sobre a situação da pandemia, especialmente em Portugal, mas não descurando o cenário global.
Em entrevista à Exame Informática, José Correia da Silva explica que a ideia surgiu porque “tinha de visitar sites diferentes para consultar os vários números”, pelo que o objetivo passou por reunir num único local todos os dados. Com uma prioridade: toda a informação tinha de ser visual e facilmente compreensível, para ajudar a “desmistificar os números” e “acabar com teorias da conspiração”. Ou seja, no covid19.crossroads não há apenas dados estatísticos em bruto, há um esforço para que seja possível fazer uma análise graças ao recurso a gráficos e tabelas, a que se juntam artigos científicos e educacionais. Além disso, José espera que este projeto possa ser um ponto de partida para a futura tese de mestrado, já que reúne um vasto manancial de dados em estilo de registo diário.
Atualmente, os dados referentes a Portugal Continental são atualizados de forma automática, mas para os números dos arquipélagos dos Açores e da Madeira ainda não há um processo automatizado. Isto significa que é o próprio José Correia da Silva que tem de ouvir conferências e consultar diferentes sites para compilar estes dados. “É um processo completamente manual” para os Açores e Madeira, revela.
De uma boa ideia nasce… outra boa ideia
Assumidamente autodidata, esta não é a primeira incursão de José Correia da Silva no mundo da criação de websites, pois já tinha criado um anteriormente dedicado ao ecossistema Windows Mobile em Portugal. A isto juntam-se outros projetos mais pequenos no âmbito da Faculdade.
Curiosamente, o covid19.crossroads surge como uma espécie de projeto paralelo ao crossroads.pt, que foi um site criado por José Correia da Silva, em conjunto com um colega da Faculdade, para ajudar negócios locais afetados pela Covid-19, tentando minimizar os prejuízos gerados por esta crise. Assim, a ideia era que as pessoas pudessem doar um valor simbólico para contribuir para que os negócios locais se mantivessem em funcionamento após este período de quebra. “O projeto começou bem, mas a adesão foi local e o objetivo era ser mais abrangente”, revela.
Assim, o foco passou a estar no covid19.crossroads e José não pretende ganhar dinheiro com o projeto. “A monetização é residual”, conta à Exame Informática. Assim, a verba que vai angariando é encaminhada para ajudar a pagar o alojamento do site e a despesa relativa ao certificado de segurança. E se chegasse mais dinheiro, o estudante já tinha destinatário: integrá-lo na crossroads.pt.