Fog é uma palavra de origem britânica que descreve um misto de nevoeiro e gases poluentes – mas que nas tecnologias descreve redes e repositórios de dados que ligam um conjunto de sensores e enviam informação para a cloud (a computação em nuvem). FogProtect repega neste último conceito com o objetivo de criar mecanismos que aplicam requisitos de segurança ou privacidade dos dados das redes Fog, antes de enviarem os dados para a Nuvem. O projeto europeu arrancou em janeiro e, dentro de um ano já terá produzido efeito na cidade de Aveiro, com a instalação do primeiro protótipo em ambiente controlado pela Ubiwhere, empresa portuguesa que integra o consórcio europeu do FogProtect.
“Ao participar neste projeto, queremos garantir que os dados podem ser adquiridos de forma segura e eficiente, ao mesmo tempo que trazem valor para as plataformas de gestão urbana. Queremos desenvolver ferramentas que garantem que apenas entidades creditadas podem aceder aos dados”, explica Pedro Diogo, gestor de Projetos da Ubiwhere.
Além dos testes com soluções de videovigilância, o FogProtect deverá apoiar, através dos fundos do programa europeu Horizonte 2020, testes na área das “fábricas inteligentes” e dos sensores industriais, que são liderados pela Nokia; e ainda protótipos na área dos canais de TV que envolve a cadeia televisiva VRT, da Bélgica, e o centro tecnológico ATC, da Grécia.
Pedro Diogo lembra que, ao contrário dos sistemas que suportam as clouds, as gateways que gerem as fogs são limitadas do ponto de vista do processamento – mesmo quando lidam com dados que podem ser considerados sensíveis ou críticos.
“É algo que implica o desenvolvimento de processos que possam ser aplicados no momento, e que permitam alterar as políticas de gestão dos dados transmitidos ou que permitam o uso de criptografia”, acrescenta Pedro Diogo.
A desfocagem de rostos de pessoas captadas pelas câmaras de videovigilância é um dos exemplos dados pelo profissional da Ubiwhere no que toca a ferramentas que poderão vir a ser aplicadas nos dados, mal são recolhidos pelos sensores de uma rede Fog.
“Além disso, há que definir políticas para o envio de dados. Por exemplo, consoante os dados recolhidos, a gateway (de uma rede Fog) pode decidir que não envia essa informação para clouds que se encontram em determinados países ou empresas que não dão garantias de privacidade”.
Pedro Diogo acredita que, no final do projeto, o FogProtect não será benéfico apenas para empresas e organizações estatais.
“Até em casa, os consumidores já usam gateways que enviam dados para clouds. E é possível que esses consumidores não tenham a perceção dos riscos. Estamos a criar uma solução que pode ser transversal e que pode ser aplicada a vários setores, com técnicas que garantem a orquestração de processos, máquinas virtuais, privacidade e segurança”.