O grupo Alphabet vai passar a bloquear receitas de anúncios para os utilizadores e produtores de vídeos que, repetidamente, divulgam discursos de ódio no YouTube. Além do corte nos ganhos provenientes da publicidade, de ora em diante, os vídeos que contenham ameaças violentas, insultos racistas, ou ataques baseados no género ou na sexualidade vão passar a ser bloqueados na plataforma de partilha de vídeos. E nem responsáveis políticos são exceção para os novos regulamentos, garante o grupo que detém o YouTube e a Google.
«Mesmo que o video não pise o risco, através da nossa política de assérdio podemos ter em conta padrões comportamentais para aplicar medidas», explicou Neal Mohan, diretor de Produtos do YouTube, quando questionado pela BBC.
Os novos regulamentos de bloqueio de conteúdos explicitam a proibição de ameaças violentas, bem como ações de bullying relacionadas com a aparência das pessoas, divulgação de dados pessoais ou campanhas de assédio contra indivíduos. Raça, género e sexualidade também não podem ser usados como “armas de arremesso”, assim como está interdita a ameaça implícita ou com recurso a metáforas.
A decisão de “apertar a malha” no controlo de discursos de ódio terá tido início num diferendo entre duas personalidades mediáticas: Steven Crowder, um youtuber com mais de quatro milhões de seguidores; e Carlos Maza, um analista político que também usa o YouTube e que conta com mais de seis milhões de seguidores.
Depois de Crowder publicar vários vídeos de insulto e piadas com o objetivo de zombar da proveniência e da sexualidade de Maza (que é homossexual e de origem mexicana), o YouTube foi instado a tomar uma posição. Depois da publicação de um sortido de vídeos insultuosos que haviam sido produzidos por Crowder e uma primeira vaga de críticas nas redes sociais, o YouTube reagiu dizendo que os vídeos em causa não contrariavam as regras aplicadas à publicação de conteúdos. Mas, mais tarde, acabou mesmo por tomar medidas – como a aplicação de novos regulamentos.
De acordo com a BBC, depois do bloqueio de receitas publicitárias, era suposto os vídeos de Crowder serem eliminados a partir da passada quarta-feira. O que não aconteceu devido ao facto de, aparentemente, o próprio Crowder ter por decisão própria ter remetido os vídeos em causa à esfera privada.
Os novos regulamentos levariam a acreditar na aplicação de um eventual bloqueio a vídeos como o que o presidente dos EUA Donald Trump protagonizou ao apelidar de Pocahontas a senadora Elizabeth Warren, que tem ascendência de nativa americana. Mas neste caso específico, os responsáveis pelo YouTube consideraram que a alcunha de Pocahontas apenas teria como objetivos influenciar tendências de voto e não o amesquinhamento da senadora americana.