Qualquer pessoa que dê notícias ou revele indícios sobre as atividades militares e espaciais da Rússia irá ser apelidado de ‘agente estrangeiro’ com a aprovação de uma nova legislação naquele país. As organizações e indivíduos que optem por fazê-lo terão de colocar uma nota em cada conteúdo sobre este tema, seja notícia ou uma publicação numa rede social, onde assumem que “Este Relato (Material) foi criado ou distribuído por Canais de Mass Media Estrangeiros a executar funções de Agente Estrangeiro e/ou entidade legal Russa a executar funções de Agente Estrangeiro”.
O ArsTechnica salienta que tecnicamente é possível excluir as missões científicas ou 100% civis deste âmbito, no entanto, estas surgem tão intimamente ligadas aos programas militares que é quase impossível separá-las. Há uma lista de 60 atividades discriminadas que pode ser encontrada aqui, em russo, e que inclui um leque alargado como informações sobre o processo, prazos ou fundos para programas de restruturação da Roskosmos, informação de financiamento da Roskosmos, do Ministério da Defesa e de organizações de investigação e desenvolvimento no campo das atividades espaciais, informação generalizada sobre conversão, capacidade de produção, planos e restruturação de organizações da Roskosmos, entre outras.
Katya Pavluschencko, blogger especializada na atividade espacial russa, já confirmou que vai ter de suspender a sua cobertura devido a esta nova lei: “os termos são tão latos que, se quiserem, qualquer pessoa pode ser acusada de os violar”. A autora revela ainda que muitos dos seus conhecidos já afirmaram que irão passar a produzir conteúdos sobre a atividade espacial de outras nações e não da russa. Com esta legislação, as atividades da Roskosmos passam a ser noticiadas pelos órgãos de comunicação estatal maioritariamente.