Em 2015, os kits médicos dos lares portugueses já poderão ter um medidor de otites, «da mesma forma que hoje têm um termómetro». A previsão de Diamantino Lopes, diretor da Metablue, pretende servir de mote para o lançamento do primeiro dispositivo portátil que diagnostica e mede a gravidade de uma otite. O aparelho deverá estrear, em simultâneo, em Portugal, Angola, e Espanha durante o primeiro trimestre de 2015. «O preço andará próximo dos 50 euros», explica Diamantino Lopes.
Na aparência, o Otitest não é muito diferente dos termómetros eletrónicos – mas tem propósitos e modos de funcionamento diferentes: o aparelho foi desenhado para ser inserido no interior do ouvido e incidir um feixe de luz sobre o tímpano. Com o reflexo do feixe de luz, o dispositivo fica em condições de saber se há alguma variação de cor no tímpano e procede a uma comparação com um padrão de cor que está associado a um tímpano saudável. É essa comparação entre padrão do tímpano saudável e medições obtidas com o feixe de luz que permite que o Otitest diagnostique ou não uma infeção e apresente quatro graus de gravidade, nos casos em que a otite é detetada.
Todo o processo é bastante mais rápido que a descrição técnica do Otitest: em três segundos, o dispositivo apresenta um diagnóstico e revela a gravidade de uma eventual infeção, tirando partido daquele que é o primeiro sintoma de uma otite.
Diamantino Lopes recorre aos números para dar largas ao otimismo e reforçar a utilidade do novo produto: «A otite é a segunda doença infecciosa com maior prevalência em crianças até aos sete anos de idade. As otites afetam, pelo menos uma vez, 93% das crianças até aos 7 anos de idade. Além disso, 76% das crianças têm uma média de três otites por ano».
À estimativas que descrevem uma necessidade do mercado, juntam-se os valores que figuram como principais referências no roteiro de negócio da Metablue: «Durante o primeiro ano prevemos chegar aos 800 mil euros de vendas. No segundo ano deveremos chegar aos cinco milhões de euros», acrescenta o diretor executivo da Metablue.
E nada garante que os planos da empresa, que tem vindo a crescer com a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto por perto, não venham a ser alterados nos tempos mais próximos. O Otitest ainda não chegou ao mercado e a gigante Kaz, que detém as marcas Vicks e Braun, já tentou comprar a tecnologia e a propriedade intelectual associada ao primeiro medidor de otites.
A primeira ronda de negociações não foi bem sucedida. Pelo que a empresa portuense vai prosseguir com o plano de expansão delineado inicialmente: os medidores de otites vão ser comercializados em farmácias e parafarmácias, através de uma parceria com a empresa Ferraz Lynce.
Com a certificação, que está em fase de conclusão junto do Infarmed, a Metablue poderá abrir a porta do mercado europeu. A este mercado junta-se outros que já estão em perspetiva: «queremos entrar na América Latina e nos EUA até ao final de 2015», prevê Diamantino Lopes.