Licenciada em Engenharia Física e Tecnológica e professora de sismologia no University College de Londres, Ana Ferreira não deixa nada ao acaso no planeamento das missões de exploração oceanográfica destinadas a estudar as movimentações do magma no manto terrestre – a camada entre a crosta e o núcleo, onde nascem os vulcões. Mesmo assim, mostrou-se surpreendida com o desfecho da campanha de recolha dos 50 sismógrafos distribuídos pelo Atlântico, um ano após os equipamentos terem sido plantados no fundo do mar, na região entre os Açores, Madeira e Canárias. “É um bocadinho como magia”, comentou a investigadora na página daquela universidade inglesa, perante o sucesso da complexa missão.
A recolha do material aconteceu ao longo do mês de agosto do ano passado e dos 50 equipamentos, conhecidos como OBS (de sismómetro do fundo do mar), só um não foi recuperado. O que é já de si uma grande vitória tendo em conta tudo o que pode correr mal durante o procedimento. É preciso chegar ao ponto onde foi largado, comunicar com o sensor instalado no OBS, esperar por uma resposta, ajustar a localização e ordenar a libertação da base que o agarra ao fundo para que este suba e possa ser recuperado. Tudo isto em alto mar e repetido 50 vezes.