Apesar de o Sol ser preponderante para a maior parte das formas de vida, já se sabia que havia organismos que residiam nas profundezas do oceano onde os raios de luz não chegam, mas que ainda assim há vida. Estes organismos produzem a energia de que necessitam através de um processo chamado quimiossíntese, a partir a oxidação de compostos inorgânicos.
A confirmação da existência da quimiossíntese só foi possível na década de 1970 e, desde então, se acredita ser rara e confinada aos ambientes mais extremos. Agora, surgem investigações de diferentes entidades, nomeadamente da Universidade de Monash, na Austrália, que mostram que este processo está muito mais presente do que se julgava inicialmente.
“Hidrogénio e monóxido de carbono, na verdade, ‘alimentaram’ micróbios em todas as regiões onde procurámos: desde baías urbanas a áreas em torno de ilhas tropicais e a centenas de metros de profundidade”, afirmou Chris Greening, microbiólogo daquela Universidade.
Em estudos anteriores, a equipa já tinha demonstrado que muitas culturas de bactérias e outros organismos encontrados no solo que podem consumir hidrogénio são “abundantes, diversos e ativos”. Agora, os investigadores extrapolam a descoberta para o fundo dos oceanos, percebendo que em 13 das 14 amostras de água de diferentes oceanos que foram analisadas, os micróbios tinham o ‘aparelho’ genético necessário para realizar a quimiossíntese e também a fotossíntese.
Em laboratório, a equipa percebeu que a quimiossíntese produzida seria suficiente para o organismo sobreviver e prosperar mesmo no fundo dos oceanos, sem luz. Os organismos marinhos capazes de alternar entre a quimiossíntese e a fotossíntese terão provavelmente uma vantagem competitiva para conseguir popular diferentes níveis dos oceanos e por isso estas formas são tão abundantes atualmente.
O estudo completo pode ser consultado na Nature Microbiology.