Charles Robbins, investigador da Universidade de Washington, assina um novo estudo agora publicado na Scientific Reports onde conclui que “os ursos não são carnívoros, no sentido mais estrito como um gato que consome uma dieta com muita proteína. Quando estão em jardins zoológicos para sempre, sejam ursos polares, ursos castanhos ou preguiças, a recomendação tem sido alimentá-los como se fossem animais carnívoros de elevada proteína. Quando o fazemos, estamos a matá-los lentamente”.
Os investigadores conduziram várias experiências isoladas onde apresentaram a pandas e preguiças em diferentes jardins zoológicos acesso ilimitado a vários tipos de comida e registaram as suas preferências nutricionais. Depois, em conjunto com outros investigadores especializados analisaram as escolhas dos animais. No caso dos pandas, preferiram o bambu rico em carbohidratos, em detrimento das folhas ricas em proteína. Em algumas ocasiões, o consumo deste tipo de caules. Os dados foram comparados com os de experiências idênticas, como as que foram conduzidas em zoos da China, e concluiu-se que também esses pandas preferiram uma dieta rica em carbohidratos e pobre em proteína, noticia o EurekaAlert.
No caso das preguiças, nativas da Índia, só vivem em média 17 anos nos zoos dos EUA, 20 anos menos do que o máximo expectável de vida quando estão sob cuidado humano. A causa de morte mais frequente nos zoos é cancro do fígado. Sobre os ursos polares, em estudos anteriores, concluiu-se que os espécimes em cativeiro vivem menos dez anos, em média, do que os que estão na Natureza, com doenças de rins e de fígado, possivelmente causadas por anos de dietas pouco equilibradas e pouco ajustadas.
Robbins, fundador do WSU Bear Center, já estuda a nutrição destes seres há décadas, num esforço que começou pela análise de ursos a comer salmão. Na altura, teorizaram que os ursos só comiam este peixe, dormiam, levantavam-se e procuravam mais. No entanto, descobriu-se que os ursos passavam longas horas em caminhadas e à procura de pequenas bagas. Já em cativeiro, os investigadores do Bear Center perceberam que os ursos ganhavam mais peso quando alimentados com uma combinação de proteína, gorduras e carbohidratos.
Embora a origem dos ursos seja uma espécie predominantemente carnívora, as oito espécies agora analisadas evoluíram e optam por uma alimentação bastante mais variada do que se supunha.