Em 2018, dados da Mars Express da ESA apontavam para um lago salgado subglacial em Marte. Depois, em 2019, surgiu a hipótese de haver ainda mais lagos por baixo desta cobertura de gelo. Dois anos volvidos, a NASA analisou os reflexos brilhantes de radar e questionou-se como seria possível a existência de água líquida num local onde deveria estar congelada. Nessa altura, o elevado teor salgado da água e a atividade vulcânica que a aqueceria foram elencados como possíveis explicações para o estado líquido.
Agora, um estudo publicado na Nature Astronomy no início desta semana, com o título ‘Explaining Bright Radar Reflections Below the South Pole of Mars Without Liquid Water’ teoriza que estes reflexos brilhantes podem ser causados por camadas geológicas.
Uma equipa da Universidade de Cambridge voltou a olhar para os dados captados pela Mars Express, noutro estudo também na Nature Astronomy, e alega ter produzido “a primeira linha de evidências independente, usando outros dados que não o radar, para mostrar que há água líquida debaixo do pólo sul gelado de Marte”, cita a Cnet. Estes investigadores usaram medições topográficas naquela superfície e recorreram a modelos computadorizados para sustentar a teoria. As simulações tiveram em conta o fluxo de gelo possível se houvesse água líquida por baixo e também o efeito do calor geotermal proveniente do interior do planeta. A equipa defende que exista pelo menos um local com água líquida por baixo do gelo.
O autor do primeiro estudo que aqui referimos, Dan Lalich, da Universidade de Cornell, é mais conservador e afirma que “até agora, não há nenhuma linha de conclusão evidente que permita afastar qualquer teoria. O meu trabalho não refuta a existência de água líquida por baixo do gelo e, nesse sentido, ambos os conceitos podem coexistir. Acho apenas que há explicações mais prováveis que são mais consistentes com as observações”.