Vários tubos cilíndricos estão a emitir luzes etéreas para iluminar a sala de espera do centro de vacinação contra a Covid-19 em Rambouillet, França. E em breve o mesmo sistema será aplicado numa praceta da cidade. O efeito é conseguido devido aos candeeiros ‘vivos’ ali instalados pela Glowee, uma startup francesa, que usa organismos vivos com bioluminescência, uma característica, por exemplo, dos pirilampos. O objetivo do projeto é chegar a outras cidades francesas e divulgar o uso de processos biológicos para captar fontes de luz natural, dando ênfase à sustentabilidade e proteção da biodiversidade.
O termo bioluminescência refere-se às reações químicas que acontecem dentro de uma criatura viva e que originam luz. Certos tipos de algas, de peixes e pirilampos são alguns dos seres com esta propriedade, com a BBC a noticiar que 76% das criaturas que habitam as profundezas dos mares têm esta característica.
A Glowee procura replicar o fenómeno usando uma bactéria marinha chamada Aliivibrio fischeri e assume “o objetivo de mudar a forma como as cidades usam a luz”, afirma Sandra Rey, fundadora da empresa à BBC. As bactérias são mantidas dentro de tubos com água salgada, o que permite que circulem, absorvendo os nutrientes que vão sendo disponibilizados regularmente. A única energia de que este sistema precisa é exatamente a que é necessária para produzir a ‘comida’ que as bactérias ingerem. Desligar o fornecimento de ar para dentro de água coloca os pequenos seres num estado anaeróbico e deixam de emitir luz.
O processo pode representar uma grande diminuição das necessidades energéticas com vista a iluminação das cidades, mas ainda tem de responder a alguns desafios como produzir apenas uma fração da luz necessária e aumentar a capacidade de sobrevivência numa amplitude térmica maior. A Glowee está a estudar a manipulação genética como forma de responder a estes dois desafios.