Os materiais sustentáveis são uma das chaves para conseguir ajudar o planeta. No entanto, o custo de produção ou o elevado custo ambiental de produção são alguns dos obstáculos a uma maior adoção deste tipo de soluções. Agora, uma equipa da Universidade de Delaware conseguiu demonstrar um estudo prático e economicamente viável para se aproveitar um dos desperdícios da indústria do papel para gerar plástico sustentável.
A equipa de alunos e investigadores liderada por Thomas H. Epps propôs-se usar a lignina, um componente de plantas e árvores que ajuda a endurecer a flora e que é desperdiçado na indústria do papel. Este tipo de desperdício, gerado aquando da produção do papel, é descartado, tendo muito pouca utilização. No entanto, sendo produzidas quase cem milhões de toneladas todos os anos, é uma fonte interessante para dar origem a outro material, caso se consiga ter um processo de transformação exequível.
Os investigadores demonstraram que é possível fazer esta transformação, de uma forma eficiente e rentável, em condições de segurança e num processo que pode ser usado em grande escala. Até aqui, a indústria usa metanol e ambientes de elevada pressão para desconstruir a lignina, o que é um processo dispendioso e com algum risco. A proposta da equipa de Epps é usar glicerina, outro material largamente disponível, para desconstruir a lignina em pequenos blocos que podem depois dar origem a outro tipo de materiais.
Epps afirma que “a capacidade de pegar em algo como a lignina técnica e não só a desconstruir e tornar num produto útil, mas fazê-lo com um custo e impacto ambiental inferiores aos materiais de petróleo é algo que ninguém conseguiu fazer antes”, cita o EurekAlert.
A utilização de glicerina, um material barato e ubíquo na indústria, em detrimento do metanol permite que o processo de transformação possa acontecer em ambientes com a pressão de uma sala ‘normal’, sem grandes condicionalismos. A operação numa sala com pressão atmosférica permite mais condições de segurança, menos custos e possibilita produção em grande escala de forma mais facilitada e rápida.
O desenvolvimento da solução de produção, de forma a criar um processo consistente e repetível, demorou cerca de um ano e envolveu vários alunos de licenciatura daquela universidade. Por outro lado, foram envolvidas outras equipas também da universidade para realizar um estudo financeiro, para se aferir se o processo seria rentável, não só a nível da produção, mas também da recolha dos materiais e de todo o impacto da cadeia de produção necessária, concluindo-se que é viável e que o custo é mais baixo do que nos processos convencionais e que é competitivo face a outras abordagens mais poluentes e menos amigas do ambiente.