“Estas coisas andam à volta do prato e fazem cópias de si mesmas”, explica o professor Josh Bongard, da Universidade de Vermont, que é coautor do estudo no qual se concluiu que os xenobôs têm capacidade de se replicar de uma forma nunca antes vista. Os xenobôs são agrupamentos de células, neste caso de uma espécie específica de sapo, e que conseguem absorver outras células soltas à sua volta para dar origem a novos agrupamentos, num tipo de reprodução que não se verificou anteriormente nem em plantas, nem em animais.
Os xenobôs são uma forma de vida biológica, feita a partir de alguns milhares de células retiradas de embriões de sapo e colocadas em clusters que medem um milímetro. Estes bots – são mecanismos totalmente biológicos, mas programáveis, daí serem apelidados de robôs – não têm sistema digestivo ou neurónios e acabam por desmembrar-se em cerca de duas semanas.
Além de não se desenvolverem para sapos em definitivo, os xenobôs conseguem produzir ‘crias’, cópias de si mesmos, através de um processo chamado “auto-replicação cinética” por Bongard e a sua equipa: “A auto-replicação cinética em moléculas foi definitivamente importante no início da vida na Terra, mas não sabemos se esta forma de replicação que vemos em alguns grupos de células teve um papel na origem da vida”, cita o The Guardian.
A equipa verificou que algumas células são pegajosas e, no seu movimento no prato, acabam por agregar outras células soltas, dando origem a um novo cluster em cinco dias, o equivalente a uma ‘criança’ xenobô. No entanto, “estes xenobôs conseguem replicar-se uma vez, numa geração. As crianças são demasiado pequenas para poderem depois produzir ‘netos’”, explica a equipa.
A continuação desta investigação pode abrir caminho para o desenvolvimento de biobots, criados a partir das nossas próprias células e que podem ser usados, por exemplo, no corpo humano.