Acreditava-se que os humanos tinham começado a afetar e causar impacto significativo na atmosfera com o início da Revolução Industrial no século XVII. Contudo, um recente estudo realizado por uma equipa de cientistas, divulgado na passada quarta-feira na revista Nature comprovou que este pensamento estava errado.
A pesquisa permitiu aos cientistas analisarem os núcleos de gelo da Antártica de 700 anos e identificar um inesperado aumento de fuligem que remete para o final dos anos 1200 até a Nova Zelândia, onde o povo Maori praticava, na altura, a queima como prática de limpeza de terras. Deste modo os cientistas perceberam que os humanos têm afetado o meio ambiente global e o clima por mais tempo do que se acreditava.
“Em comparação com as queimas naturais em sítios como a Amazónia, África do Sul ou Austrália, não se esperava que a queima de Maori tivesse um impacto tão grande na Nova Zelândia, mas tem sobre o Oceano Antártico e a Península Antártica”, referiu em comunicado Nathan Chellma, doutorado em Ciências Hidrológicas no Desert Research Institute. “Ser capaz de usar registos de gelo para mostrar impactos na química atmosférica que alcançaram todo o Oceano Antártico, e ser capaz de atribuir isso à chegada e colonização Maori da Nova Zelândia 700 anos atrás é realmente incrível.”
O carbono negro é constituído pela decomposição térmica ou combustão parcial de hidrocarbonetos e pode contribuir para aquecimento global e, consequentemente, para o degelo, o que pode levar à subida do nível do mar.
“Depois deste estudo ficou claro que os humanos têm impactado o meio ambiente no Oceano Antártico e na Península da Antártica pelo menos nos últimos 700 anos”, referiu Joe McConnell, líder do estudo.
McConnell frisa então que as mais recentes descobertas podem ajudar a reformular o conhecimento obtido até agora sobre o clima e a atmosfera. “A partir deste estudo e de trabalhos anteriores realizados pela nossa equipa, como a poluição por chumbo de 2.000 anos no Ártico da Roma antiga , está claro que os registos de gelo são muito valiosos para aprender sobre os impactos humanos anteriores no meio ambiente”, acrescentou o cientista. “Mesmo as partes mais remotas da Terra não eram necessariamente imaculadas nos tempos pré-industriais”, conclui.