A superfície de Marte tal como a vemos hoje, com profundas crateras e desfiladeiros, pode ter sido moldada por inundações e enchentes rápidas, numa altura em que o planeta tinha água à superfície, aponta um estudo da Universidade do Texas. O trabalho revela que as inundações aconteceram em poucas semanas, movimentando grandes volumes de sedimentos e ‘cavando’ as crateras que encontramos atualmente.
Tim Goudge, professor assistente que faz parte da equipa, explica que “as inundações provenientes de lagos foram muito importantes globalmente (…) isto é surpreendente porque sempre pensamos que fossem uma anomalia única no tempo”.
Um estudo anterior, de 2019 e do próprio Goudge, apontava que as enxurradas tinham acontecido rapidamente, numa questão de semanas, contribuindo para moldar o que vemos hoje à superfície, numa altura em que havia água líquida nos lagos e o seu volume aumentava anormalmente, levando a inundações catastróficas, que arrastavam grandes quantidades de sedimentos.
Agora, é feita uma primeira análise global sobre o processo de formação de 262 lagos à superfície, como um todo. A investigação analisou um catálogo pré-existente de ribeiros em vales e classificou-os em uma de duas formas: começam na ponta da cratera, indiciando que se formaram durante uma inundação de um lago, ou começam noutro ponto qualquer, sugerindo uma formação mais gradual no tempo. A partir daí, foi comparada a profundidade, comprimento e volume dos diferentes tipos, concluindo-se que os que são formados a partir da cratera têm muito mais peso, apesar de constituírem apenas 3% do comprimento total do vale. O EurekaAlert explica que a profundidade mediana de um ribeiro destes (170,5 metros) é mais do dobro da que apresentam os ribeiros formados noutro local.
“Quando enchemos [as crateras] com água, é muita energia armazenada que terá de ser liberada (…) Faz sentido que, assim, Marte tenha sido mais moldado pelo catastrofismo do que a Terra”, considera Goudge.