O relatório produzido pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC na sigla em inglês) da ONU analisou dados de mais de 14 mil estudos, envolveu 284 cientistas e demorou oito anos a ser preparado. O trabalho bastante exaustivo refere que agora é impossível reverter, no curto prazo, algumas das alterações que estão a conduzir ao aquecimento global e que a tendência de subida da temperatura média irá manter-se nos próximos 20 a 30 anos.
A utilização de combustíveis fósseis e a emissão de gases de estufa conduziu a um aumento da temperatura do planeta em 1,1 graus desde o século XIX. Os efeitos são mais que conhecidos, com vagas de calor em locais como o Canadá ou os EUA, os devastadores incêndios florestais e a perda de vidas humanas. Com o aumento de 1,5 graus nos próximos anos, iremos assistir a vagas de calor mais ameaçadoras, secas irão afetar milhões de pessoas e o aumento do nível das águas vai conduzir ao fim de comunidades costeiras em todo o globo, alertam estes especialistas. “Muitas das mudanças observadas no clima não têm precedente em milhares, ou mesmo em centenas de milhares de anos e algumas das mudanças já estão em curso – como o aumento do nível da água – e são irreversíveis nas próximas centenas de milhares de anos”, lê-se no documento.
Os cientistas apontam ainda que cumprir apenas as metas do Acordo de Paris pode ser insuficiente para combater o efeito das alterações climáticas, explica o Engadget. O estudo salienta as consequências para a população se a temperatura vier a aumentar três ou mesmo quatro graus, revelando que a cada patamar aumenta o risco e traz consequências mortais. A solução passa por cortar nas emissões, manter o aumento da temperatura média nos 1,5 graus e, mesmo assim, ainda demoraremos 20 a 80 anos a assistir a uma estabilização.
O trabalho vai ser central nas discussões no COP26 onde representantes da ONU se vão juntar para deliberar sobre o plano de ação global. A cimeira acontece em Glasgow, Escócia, no fim de outubro e início de novembro.