Pessoas com deficiências motoras graves podem usar sistemas em que, com recurso ao cérebro, conseguem controlar cadeiras de rodas. Uma equipa constituída por investigadores do Instituto de Sistemas e Robótica da Universidade de Coimbra e do Instituto Politécnico de Tomar afirmam ter desenvolvido uma versão de um sistema destes que promete praticamente 100% de fiabilidade e precisão e que não requer grande esforço mental ao utilizador.
A novidade deste sistema é a utilização de uma abordagem assente em três componentes: ritmo personalizado, comandos de tempo ajustado e controlo colaborativo. Esta ICC (interface cérebro-computador) deteta “automaticamente quando o utilizador pretende ou não enviar um comando, permitindo que este não tenha de estar permanentemente focado, mas sim apenas quando pretende enviar um comando, ao seu ritmo; o tempo para deteção da intenção do utilizador é também ajustado automaticamente para permitir um desempenho constante, sendo por exemplo menos suscetível a desatenções ou fadigas; e, ainda, um controlo colaborativo entre o utilizador e a máquina”, descreve Gabriel Pires, investigador principal do projeto em comunicado de imprensa.
O sistema já foi testado em várias experiências com seis pessoas com deficiências motoras graves da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra e sete pessoas sem deficiência, como grupo de controlo. A equipa desenvolveu um sistema de navegação da cadeira de rodas, adaptou do ponto de vista ergonómico a cadeira e desenvolveu os métodos de descodificação dos sinais eletroencefalográficos da ICC. A grande conquista acaba por ser “o aumento da precisão de forma fiável, ou seja, mantendo o desempenho elevado ao longo do tempo, independentemente das condições. Na verdade, em alguns conjuntos de experiências obtivemos 100% de precisão com o grupo de controlo e 99,6% com o grupo de pessoas com deficiência motora”.
Apesar dos resultados promissores, a equipa reconhece que o sistema não possui ainda o nível de maturidade suficiente para entrar no mercado. O investigador pretende melhorar a montagem e ergonomia dos elétrodos e introduzir mais módulos de perceção do meio circundante.
A equipa é constituída por Gabriel Pires, Aniana Cruz, Ana Lopes, Carlos Carona e Urbano J. Nunes e desenvolveu a iniciativa no âmbito do projeto de investigação e desenvolvimento B-RELIABLE financiado por fundos europeus e pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.