A sonda Perseverance foi enviada para Marte com várias câmaras que se destinam a dar uma perspetiva diferente sobre o planeta ‘vermelho’. As cores, que surgem quando a luz reflete nos objetos e são vistas pelo olho, são apreendidas de forma diferente pelas câmaras da sonda, que identifica a luz proveniente de raios-X, infravermelhos ou ultravioletas.
Jim Bell, cientista planetário da Universidade do Arizona, lidera a equipa que supervisiona a Mastcam Z, um sistema de binóculos colocado no topo da torre da Perseverance, desenvolvido para captar indícios geológicos no maior número possível de pontos em Marte. Este sistema consegue apreender detalhes de um milímetro e, a uma distância de 100 metros, pormenores com quatro centímetros. A captura de cores é multiespectral, operando no espetro visível ao olho humano, mas também em comprimentos de onda menos percetíveis à nossa visão. Nas ‘entranhas’ deste sistema, estão sensores da Kodak semelhantes aos que se encontram nos smartphones e filtros, numa camada de quatro pixéis dispostos num padrão repetido, noticia o ArsTechnica numa extensa explicação para todo o sistema.
A atmosfera particular de Marte, cheia de poeiras avermelhadas, implica que a visão da sonda seja necessariamente diferente: de um lado, a equipa de processamento de imagem pode ajustar as cores vistas em Marte ao que seriam vistas em Terra, mas, por outro, a equipa pode simular o espetro de luz marciana a atingir os objetos, o que lhes confere uma perspetiva diferente.
Os responsáveis por este sistema criaram um Geo Board, para identificar os tipos de rocha que seriam encontrados em Marte e que foram usados para afinar a captura de imagens. Apesar de a Mastcam-Z ter uma resolução bastante boa para detetar diferentes texturas, o ângulo de visão é de apenas 15 graus e há algumas limitações na largura de banda de upload.
Além da equipa da Mastcam-Z, há um grupo dedicado a manter um sensor de imagem essencial, o PIXL, ou Planetary Instrument for X-ray Lithochemistry. Estes especialistas pretendem ajudar a combinar elementos minerais na fina textura detetada, de forma a encontrar estromatólitos, rochas fósseis formadas por atividades de microorganismos indicativas de potencial vida.
Abigail Allwood, que faz parte da equipa do PIXL, explica que “encontrar vida em Marte não vai ser do género ‘este e aquele instrumento viram qualquer coisa’, mas será mais algo do género ‘todos os instrumentos detetaram e a interpretação dos dados permite concluir que a possibilidade de vida é razoável”.