O fenómeno conhecido por Oscilação de Chandler verifica-se em planetas que não são perfeitamente redondos e já tinha sido identificado na Terra. No nosso planeta, os pólos desviam-se cerca de nove metros do eixo de rotação a cada 433 dias aproximadamente. Jack Lee explica no EOS que este movimento se assemelha ao de um pião de brinquedo quando começa a perder o embalo. Agora, pela primeira vez, astrónomos conseguiram identificar a oscilação em Marte e extrapolam que esta aconteça no planeta vermelho a cada 200 dias, mas com uma variação mais pequena, de dez centímetros.
A revelação de que o fenómeno, descoberto pelo astrónomo Seth Carlo Chandler há mais de cem anos, também se regista em Marte foi publicada no Geophysical Research Letters em outubro do ano passado. Esta foi a primeira vez que se identificou a Oscilação noutro planeta que não a Terra.
Os efeitos práticos da Oscilação são ligeiros e os cientistas ainda não conseguem perceber o motivo pelos quais esta acontece. Os investigadores teorizam que o efeito devia desvanecer-se naturalmente cerca de cem anos depois de ter começado, mas a verdade é que, na Terra, está a durar muito mais tempo. Um estudo de 2001 propõe que o efeito se perpetua talvez devido a uma combinação de mudança de pressão na atmosfera e nos oceanos, embora ainda não tenha sido possível identificar a causa ou causas concretas.
Os dados de 18 anos de observações de Marte, provenientes de três aparelhos distintos, permitem inferir que a oscilação também devia ter desaparecido, mas que ainda continua e nas mesmas condições. No caso de Marte, não havendo oceanos, é possível que o fenómeno aconteça devido à pressão atmosférica, mas os investigadores preferem continuar com os estudos antes de avançarem com uma resposta concreta.