Há um grupo de investigadores que está a trabalhar no desenvolvimento de submarinos que podem ser levados para o Espaço para explorar mares noutros planetas. O primeiro passo deve ser a exploração de Titã, a lua de Saturno, que tem grandes mares e lagos com hidrocarbonetos. O projeto ainda precisa de aprovação e apoio financeiro da NASA, mas a equipa acredita que estará preparada para lançar um submarino na década de 2030. Numa fase seguinte, a equipa aponta baterias à exploração de Europa e Enceladus, luas de Júpiter e Saturno respetivamente, que têm mares sob grandes camadas de gelo, o que representa um desafio adicional.
A escolha de Titã deve-se à sua dimensão, a segunda maior lua do sistema solar, com 5150 quilómetros de diâmetro, e por ter corpos líquidos de metano e etano estáveis à superfície. Por outro lado, a atmosfera com moléculas orgânicas apresenta potencial para albergar vida, embora de uma forma diferente da que conhecemos na Terra. Os investigadores estão também a considerar a hipótese de haver dois ecossistemas completamente diferentes em Titã: um conjunto à superfície de vida ‘estranha’ à da Terra e outro, subaquático, mais familiar com o que conhecemos, explica a publicação Space.com.
A missão Cassini-Huygens, entre 2004 e 2017, captou a maior parte do conhecimento que temos atualmente sobre a lua de Saturno. Agora, a NASA pretende lançar um drone de oito rotores, chamado Dragonfly, para explorar aquela lua a partir de 2026. O submarino pode ser a fase seguinte, com o projeto a já ter conseguido duas rondas de investimento ao abrigo do programa NIAC (NASA Innovative Advanced Concepts). A gravidade em Titã é apenas 14% da que conhecemos na Terra, pelo que o submarino não teria de suportar tanta pressão no casco como teria de o fazer num mar na Terra. A equipa também crê que navegar num meio diferente do que seria encontrado no nosso planeta também não representa uma desvantagem, uma vez que o material é transparente o suficiente para permitir a comunicação via sinais de rádio.
Em termos de especificações, um submarino independente deverá ter cerca de seis metros de comprimento e pesar 1500 quilos para conseguir ter todo o equipamento de comunicações necessário. Por outro lado, um submarino com uma sonda a acompanhar poderá ter apenas dois metros e pesar 500 quilos. Este veículo teria de ser alimentado a energia nuclear, uma vez que Saturno está cerca de dez vezes mais longe do Sol do que a Terra.
Steven Oleson, do Glenn Research Center da NASA, explica que “de um ponto de vista científico, estamos a perder muito por não podermos submergir e fazer muitos dos testes”. A missão subaquática para Titã poderá ser viável ao abrigo do programa New Frontiers da NASA, que vai patrocinar a missão Dragonfly e que já foi responsável pela sonda New Horizons, uma missão de reconhecimento a Plutão.