É na região entre a América do Sul e o Oceano Atlântico que se situa a Anomalia do Atlântico Sul, um fenómeno no campo magnético da Terra, detetado há algumas décadas. Nos últimos dez anos, no entanto, os investigadores estão a acompanhar uma mudança lenta e tudo indica que a Anomalia vai mesmo dividir-se em duas. A cisão não deve representar qualquer risco para a vida na Terra, mas adensa as questões em torno do campo magnético da Terra e os efeitos que terá em equipamentos espaciais, como os satélites – e a NASA já está a acompanhar o caso.
É no núcleo externo da Terra, a milhares de quilómetros de profundidade, que são geradas correntes que dão origem depois ao campo magnético do planeta. No caso da Anomalia do Atlântico Sul, ao investigar-se entre o núcleo e o manto, os cientistas perceberam que há variações magnéticas diversas que não se limitam a uma clara divisão entre Norte e Sul.
Nesta região, o campo magnético apresenta um ‘corte’ que resulta numa barreira mais baixa e que deixa passar mais radiação, afetando os satélites que a sobrevoam e obrigando a que algum hardware tenha de ser desligado neste momento para não se avariar. É o caso da Estação Espacial Internacional, que tem uma proteção reforçada para que a passagem pela Anomalia não tenha impacto.
As observações dos cientistas evidenciam uma movimentação da ‘falha’ na barreira em direção ao Oeste e uma divisão em duas partes. Os cientistas aguardam com expetativa as próximas movimentações e transformações, para poderem obter mais dados que lhes permitam perceber melhor o que é que se passa com a Anomalia, desenhar modelos mais precisos sobre o que se passa no núcleo da Terra e prever melhor as mudanças que podem vir a acontecer, explica a publicação Space.com.
Terry Sabaka, do Centro Goddard da NASA, explica que “apesar de a Anomalia estar a movimentar-se lentamente, está a atravessar algumas mudanças na morfologia, pelo que é importante continuar a observá-la em missões contínuas. É isso que nos vai ajudar a desenhar modelos e previsões melhores”.
Recentemente, e numa outra investigação, dados recolhidos pela constelação de satélites Swarm, da Agência Espacial Europeia, revelam que o campo magnético da Terra está a enfraquecer.