Um grupo de cientistas da Universidade da Califórnia em Davis, nos EUA, publicou um estudo sobre o trabalho feito em laboratório para alterar geneticamente um embrião de um bezerro para que este consiga produzir mais prole masculina, em vez de feminina. O processo demorou vários anos, mas será agora possível a geração de mais bezerros, que convertem melhor a alimentação em peso, dando origem depois a mais carne para humanos e, consequentemente, levando a um menor impacto ambiental.
Os investigadores usaram a tecnologia de edição de genes CRISPR para inserir o gene SRY, responsável pela determinação do desenvolvimento de genitais masculinos nos mamíferos, num embrião bovino. Assim, nasceu o Cosmo, um boi que irá dar origem depois a mais crias macho. “Antecipamos que a prole do Cosmo, que vai herdar este gene SRY, vai crescer e parecer masculina, mesmo que herdem também o cromossoma Y”, explica Alison Van Eenennaam, geneticista que trabalha neste projeto, citada em comunicado de imprensa.
Um dos objetivos deste projeto foi conseguir precisamente que se gerassem mais machos que são 15% mais eficientes a converter aquilo que comem em peso. Assim, e porque tendem a ter mais peso, estes animais acabam por dar origem a mais carne, o que é visto como uma mais-valia, por serem necessárias menos ‘cabeças’ para gerar o mesmo volume de alimento para humanos.
O processo demorou dois anos e meio a ser afinado e depois foram precisos mais dois anos para conseguir uma gravidez de sucesso. Em abril de 2020, nasceu então um bezerro com quase 50 quilos. Os investigadores inseriram o gene SRY no cromossoma bovino 17, um ‘porto de abrigo seguro’ que garante que os elementos genéticos inseridos funcionam de forma previsível.
O Cosmo deve produzir 75% de prole masculina, de acordo com as projeções da equipa, com a maturidade sexual a chegar dentro de um ano. Nessa altura, os cientistas pretendem aferir se a inserção do gene SRY no cromossoma 17 é suficiente para desencadear a produção de machos. Nesta fase, o Cosmo e as suas crias não irão entrar na cadeia de alimentação destinada a seres humanos.