Um grupo de investigadores descobriu compostos que contêm nitrogénio, considerado como um ‘ingrediente’ essencial à vida tal como a conhecemos na Terra, num meteorito marciano que caiu na Antártida. O Allan Hills 84001, como é chamado este detrito, é uma verdadeira cápsula do tempo: estima-se que tem cerca de quatro mil milhões de anos, que terá sido projetado para o espaço há 17 milhões de anos após um impacto de um meteoro em Marte e que terá vagueado até há 13 mil anos, época em que caiu na Antártida.
O resultado da investigação, publicado na publicação Nature, sublinha que “os materiais orgânicos foram sintetizados localmente e/ou entregues por um meteoro em Marte durante a era Noachiana”. A era Noachina é aquela na qual os investigadores acreditam ter existido um vasto oceano no planeta vermelho e que, eventualmente, poderá ter suportado alguma forma de vida.
O estudo foi liderado por Mizuho Koike, cientista planetária na agência espacial japonesa JAXA. Apesar de falar na possibilidade de os componentes de nitrogénio terem sido adquiridos já na Terra, por contaminação, os investigadores sublinham que a amostra e a metodologia de análise efetuadas “reduzem o risco de contaminação ao focarem-se no interior aparentemente fresco dos grãos de carbonatos”. “Tendo em conta os argumentos acima, os [materiais] orgânicos com nitrogénio nos carbonatos são muito provavelmente de origem marciana”.
Os investigadores defendem ainda a tese de que o Allan Hills 84001 pertence a uma camada do subsolo marciano, daí que tenha conseguido manter componentes durante um longo período de tempo, sublinha a publicação Vice.
Esta descoberta de nitrogénio que, como o estudo indica, teve origem em Marte vem reforçar a teoria de que um dia o planeta pode ter tido as condições e os elementos para a criação de vida tal como a conhecemos na Terra. O nitrogénio é um dos elementos necessários na formaçaõ de proteínas, do ácido desoxirribonucleico (ADN) e do ácido ribonucleico (RNA).