O sacerdote Nesyamun serviu o faraó Ramses XI há três mil anos e, quando morreu, foi mumificado e colocado na Necrópole de Tebas. A boa preservação desta múmia tem dado azo a muito trabalho de investigação por parte de cientistas que a visitam no Museu de Leeds, desde 1823. Agora, uma equipa de investigadores alemães e ingleses usou técnicas avançadas de tomografia computadorizada para mapear o trato vocal de Nesyamun, recriar em 3D a laringe e a garganta do sacerdote num computador e ouvir como seria a voz deste.
«Ouvimos um som semelhante a uma vogal que sairia da boca de Nesyamun se a sua boca estivesse na posição atual e se estivesse vivo», explica David Howard, engenheiro e um dos autores do estudo, citado pela Cnet.
Os cientistas conseguiram replicar apenas o som desta vogal e não o discurso articulado que o sacerdote terá produzido em vida. A equipa teve em atenção que estava a recriar o trato vocal na posição em que Nesyamun foi mumificado e não para um som qualquer em especial. O sacerdote foi mumificado com a boca aberta, algo invulgar para o processo de mumificação, o que permitiu aos cientistas executarem este projeto.
O processo também só foi possível devido a uma invenção de Howard, o Vocal Tract Organ, um instrumento que usa tratos vocais recriados em 3D para criar sons de vogais específicos. Se forem alinhados diferentes instrumentos destes, é possível ter uma nova forma de criar música.
A equipa refere no estudo que esta forma de reconstrução de sons vocais irá ter «implicações na forma como o passado é apresentado ao público».