O veículo espacial Boeing Starliner, que foi lançado na sexta-feira para a órbita terrestre, regressou à Terra nesta domingo, numa aterragem que decorreu sem problemas. A gigante americana da aviação cumpriu assim uma parte crucial do teste: a cápsula está desenhada para um dia transportar astronautas até à Estação Espacial Internacional (ISS na sigla em inglês) e era essencial passar o teste de regresso à Terra.
Durante a descida, a Starliner abriu três paraquedas para reduzir a velocidade e, no final, os airbags de impacto dispararam sem problema, concluindo assim a “curta” viagem ao espaço. Curta, pois apesar de ter estado dois dias em órbita, a missão deveria ter sido mais longa: o plano inicial da Boeing e da Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço dos EUA (NASA na sigla em inglês) era que o veículo permanecesse uma semana no espaço e acoplasse à ISS.
Devido a uma falha no sistema que monitorizava o tempo da missão, a Starliner acabou por gastar mais combustível na fase de ascensão do que era suposto, o que fez com que a cápsula ficasse inclusive fora de rota. Devido a este problema, a duração da missão foi encurtada – e, aquele que era um dos principais aspetos da missão, a ligação automática à ISS, acabou por não acontecer.
Apesar de não ter sido uma missão 100% bem-sucedida, a NASA desvalorizou a questão de a Starliner não ter chegado à Estação Espacial Internacional. «Tanto a Boeing como a SpaceX [outra empresa que tem contrato com a NASA] propuseram uma missão para fazer um voo de teste não tripulado que demonstrasse o acoplamento, por isso diria que não é um requisito», explicou Steve Stich, gestor do programa comercial da NASA. «É algo que é bom ter, mas não diria que é um requisito para um voo tripulado», acrescentou, citado pela publicação The Verge.
Apesar destas declarações, a Boeing jogou à defensiva. «Até olharmos para os dados, não estamos na posição de propor a realização de um teste tripulado», disse Jim Chilton, vice-presidente da divisão espacial da Boeing.
A NASA já adiantou que a análise dos dados relativos ao primeiro voo espacial da Starliner pode demorar semanas ou meses, pelo que a decisão sobre se a cápsula está ou não preparada para realizar o primeiro voo tripulado ainda deverá demorar até ser tomada.