O Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN) acaba de fixar um novo recorde no que toca à energia usada em colisões de partículas: 13 biliões de electronVolts. O valor corresponde a um incremento de 60% face aos oito biliões electronvolts registados até 2013, ano em que o maior acelerador de partículas do mundo parou as operações por razões de manutenção e upgrade de equipamentos.
Este recorde foi alcançado durante um primeiro teste. Só em junho o acelerador de partículas que está instalado no CERN deverá ficar totalmente operacional para levar a cabo experiências com 13 biliões de electronVolts de energia.
Por que é que este novo recorde é importante? Um pouco de contexto ajuda a explicar, de forma simplificada, o que está em causa: como o nome indica, o acelerador de partículas tem por objetivo deslocar protões (ou outras partículas) a grande velocidade provocando colisões entre eles. Estas colisões têm por objetivo apurar o comportamento das partículas, ou a formação de novas partículas, que ainda não haviam sido observadas, e que fogem às probabilidades estatísticas.
A aceleração das partículas exige energia – e é no que toca à quantidade de energia usada nas colisões que acaba de fixar um novo recorde. O LHC, o acelerador de partículas que ocupa uma circunferência subterrânea de 27 quilómetros e atravessa a fronteira franco-suíça, vai passar a dispor de mais energia para “empurrar” as partículas. O que pode aumentar substancialmente o número de colisões de partículas que poderão ser registados pelos múltiplos sensores dispersos pelo LHC.
De acordo com a BBC, antes do upgrade agora anunciado, o LHC apenas poderia realizar as ditas colisões que com um máximo de dois grupos de protões. Com a nova tecnologia, será possível ter até 2800 grupos de protões em circulação. Resultado: os investigadores do CERN passam a dispor de um maior número de colisões “observáveis” e, com esse aumento exponencial, passam a poder recolher mais informação e, eventualmente, elevam igualmente a probabilidade de descobrir os denominados comportamentos “exóticos” das partículas depois das colisões.
«No LHC, não é só a energia usada nas colisões entre feixes (de protões) que é importante, mas também o número de colisões por segundo, que é também maior do que o alcançado por qualquer outro acelerador alguma vez criado», refere à BBC David Newbold, investigador da Universidade de Bristol que tem trabalhado com o CERN, lembrando que o célebre bosão de Higgs, que se considera a partícula mais elementar, pertence ao grupo de ocorrências raras que resultam da colisão de partículas.