A NASA pretende estudar várias formas de desviar a trajetória de objetos espaciais para ter um mecanismo de defesa planetária, por exemplo, para o cenário em que um asteroide esteja em rota de colisão com a Terra. Um desses mecanismos passa pela missão DART e vai ser testado agora. A NASA pretende disparar uma nave a 25000 km/h contra um asteroide para perceber se consegue mudar o rumo que este está a seguir.
O teste vai ser feito agora contra o asteroide Dimorphos, que faz parte de um sistema binário com o asteroide maior Didymos e nenhum dos dois representa qualquer ameaça de colisão atualmente. O The Verge lembra que não há qualquer evidência de ameaça imediata que esteja a ser colocada ao nosso planeta neste aspeto, pelo que a missão DART é apenas um exercício de prontidão e de verificação de viabilidade. A agência pretende usar telescópios em Terra e no espaço para monitorizar a trajetória do Didymos e perceber qual o impacto de se ‘espatifar’ uma nave a velocidades extremamente elevada tem na rota e velocidade do asteroide. James Webb, Hubble e até o Lucy vão ter as suas lentes apontadas para este momento.
Lindley Johnson, da NASA, explica que “esta demonstração é extremamente importante para o nosso futuro aqui na Terra”. O impacto esperado é de uma fração de percentagem, acabando por alterar o tempo que o asteroide demora a completar uma órbita em alguns minutos. Em contexto de defesa planetária, esse tempo, por menor que seja, pode fazer toda a diferença. “A DART demonstra aquilo que chamamos a técnica do impacto cinético na alteração da velocidade do asteroide no espaço e consequente mudança da órbita”, afirma Johnson.
Enviar uma nave-trator que puxe o asteroide ou disparar um feixe de iões são duas outras estratégias que estão a ser analisadas também.
A DART tem um sistema inteligente de navegação e a missão vai estar a ser acompanhada por 44 especialistas no solo. Quando o Dimorphos for detetado, o asteroide de 163 metros vai parecer apenas um pixel nos sistemas de navegação, mas tal é suficiente para começar a ser monitorizado. A dois minutos e meio do impacto, este sistema vai ser desligado e os peritos vão manter apenas a câmara ligada para captar imagens impressionantes da aproximação.
A abordagem vai também ser filmada pela LICIACube, uma nave mais pequena que foi lançada em conjunto com a DART, mas que se separou depois a 11 de setembro e que irá agora documentar toda a missão.
A cobertura do impacto da missão DART vai começar a ser transmitida pela NASA às 23h de Portugal Continental hoje, com a colisão a estar programada para as 00h14.