Entrar no parque, sair do carro, pegar no smartphone e dar o comando para estacionar. A partir daí o utilizador pode seguir caminho que o veículo vai encontrar sozinho um lugar de estacionamento. E quando o utilizador quiser ir embora, o processo desenrola-se de forma semelhante, estando o carro pronto a recolhê-lo no sítio indicado.
É assim que funciona o primeiro parque de estacionamento totalmente autónomo e sem supervisão humana. Localizado em Estugarda, na Alemanha, na garagem do museu da Mercedes Benz, o projeto foi desenvolvido em conjunto entre a Daimler e a Bosch.
As duas empresas obtiveram na semana passada a aprovação das autoridades alemãs para que os humanos envolvidos até agora na supervisão do estacionamento possam ser dispensados deste processo. O sistema, que corresponde a condução autónoma de nível quatro [em cinco níveis possíveis], está aprovado para que possa funcionar de forma diária, mas para já apenas nos veículos de testes da Mercedes.
Rolf Nicodemus, vice-presidente da Bosch Connected Parking, diz que o parque vai estar disponível até «meados de 2020», período durante o qual as marcas vão ganhar experiência. «Vamos ganhar as condições para trazer a tecnologia a mais parques de estacionamento. Vamos tornar isto uma realidade muito mais cedo do que esperado», referiu o executivo numa conferência telefónica com jornalistas e na qual a Exame Informática participou.
Ainda em 2020, o objetivo das empresas é que a tecnologia possa ser aplicada a outros locais de estacionamento, por exemplo, em aeroportos e centros comerciais. Mas esta evolução, avisam os responsáveis, vai estar sempre dependente de aprovação regulatória local.
«Os parques de estacionamento normalmente têm um tempo de vida de 50 anos. Podemos instalar isto em qualquer parque de estacionamento já existente. (…) A aprovação [em Estugarda] abre precedente para obter aprovações em parques à volta do mundo», sublinhou o responsável alemão.
Além da otimização de tempo – o utilizador já pode estar a fazer algo enquanto o carro ainda estaciona –, também vai haver uma otimização de espaço: com esta tecnologia integrada, os parques vão poder acomodar até mais 20% de veículos.
Foi também confirmado que numa primeira fase a compatibilidade será exclusiva para veículos Mercedes, mas tanto a Daimler como a Bosch estão a trabalhar com os representantes da indústria alemã de automóveis para que o sistema seja compatível com outras marcas.
Carsten Hämmerling, líder de projetos na Daimler, deixou claro que este não será um sistema retrocompatível em termos de veículos, ou seja, não é possível adicionar a tecnologia necessária a veículos antigos. Mas a partir do momento em que for dada a aprovação por parte dos reguladores, a tecnologia de estacionamento automático vai poder ser integrada nos novos carros da Mercedes.
A aprovação agora conseguida permite que os veículos possam conduzir a uma velocidade máxima de 10 km/h, mas por questões de segurança a Mercedes está a limitar por agora a velocidade máxima dos veículos a 5 km/h.
O parque de estacionamento está equipado com vários sensores LIDAR que analisam o ambiente no qual o veículo está a mover-se, reconhecendo inclusive peões. As informações são depois comunicadas via Wi-Fi, através de uma ligação segura, para o veículo.
Já em termos de disponibilização, a Alemanha e a China são os mercados prioritários, estando também prevista depois uma expansão para outros mercados de grande dimensão como os EUA e a Rússia.